A Fundação de Economia e Estatística (FEE) divulga as estatísticas do emprego formal celetista do agronegócio do Rio Grande do Sul e do Brasil referentes a dezembro de 2016. As estatísticas geradas tomam por base os dados brutos disponibilizados pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho e Emprego.
Em seguida, são descritos os resultados do Rio Grande do Sul para o mês de dezembro e para o acumulado do ano, comparativamente a igual período anterior.
Mês de dezembro
Em dezembro de 2016, o agronegócio do Rio Grande do Sul apresentou saldo negativo de empregos formais. O número de admissões (7.557) foi inferior ao de desligamentos (14.206), resultando na perda de 6.649 postos de trabalho com carteira assinada. Essa variação representa uma queda de 2,0% no estoque estimado de empregos do setor, comparativamente a novembro. Historicamente, o mês de dezembro é caracterizado pela ocorrência dos piores saldos mensais de empregos na série do Caged. Esse comportamento é verificado tanto para o agronegócio quanto para o conjunto da economia.
Em dezembro, o movimento de perda de postos de trabalho foi generalizado entre os três segmentos do agronegócio gaúcho: “antes”, “dentro” e “depois da porteira”. O pior resultado foi verificado no segmento “depois da porteira”, composto predominantemente de atividades agroindustriais, que registrou perda de 3.462 empregos. Contribuíram decisivamente para esse resultado os setores de fabricação de conservas (menos 1.298 postos; queda de 28,2% no estoque) e de abate e fabricação de produtos de carne (menos 562 postos; queda de 1,0% no estoque).
No segmento “dentro da porteira”, formado de atividades características da agropecuária, o saldo foi de menos 2.580 empregos (queda de 3,0% no estoque). Os setores de produção de lavouras permanentes (menos 1.494 vagas; queda de 16,2% em estoque) e de produção de lavouras temporárias (menos 457 postos; queda de 1,3% em estoque) apresentaram os piores resultados.
O segmento “antes da porteira”, constituído de atividades dedicadas ao fornecimento de insumos, máquinas e equipamentos para a agropecuária, apresentou perda de 607 postos de trabalho, queda de 1,4% no estoque. O setor que mais contribuiu para esse resultado foi o de fabricação de tratores, máquinas e equipamentos agropecuários (menos 328 postos; queda de 1,4% no estoque de empregos).
Acumulado do ano
Em 31 de dezembro de 2016, as atividades características do agronegócio eram responsáveis por 318.660 empregos com carteira assinada no Rio Grande do Sul. No acumulado do ano, foram criados 1.797 postos formais de trabalho, o que representa um aumento de 0,6% no estoque de empregos do setor. Esse número é significantemente superior ao registrado em 2015, quando o saldo foi negativo, em 4.082 postos de trabalho.
O resultado do agronegócio também contrasta com os números totais do emprego no Rio Grande do Sul, que apresentaram saldo negativo de 54.384 em 2016.
Os três segmentos do agronegócio registram saldo positivo em 2016. O segmento “antes da porteira” respondeu pela maior criação de empregos com carteira assinada no agronegócio (836 empregos). Desde 2013, esse segmento não registrava saldo anual positivo. O desempenho do último ano pode ser explicado por um duplo movimento setorial. O primeiro deles foi a expansão dos empregos no setor de produção de sementes e mudas certificadas (mais 1.062 postos de trabalho). O segundo e mais expressivo movimento ocorreu no setor de fabricação de tratores, máquinas e equipamentos agropecuários. Enquanto, em 2015, foram perdidos 4.793 empregos nesse setor (queda de 16,8% no estoque de empregos), em 2016 a perda foi menor, de 842 postos de trabalho (queda de 3,5% no estoque). No segundo semestre de 2016, a elevação das vendas de máquinas agrícolas para o mercado brasileiro favoreceu a retomada da produção e a estabilização do quadro funcional das empresas desse setor situadas no Rio Grande do Sul. Depois de quatro semestres consecutivos de redução do número de empregados, a indústria gaúcha de tratores, máquinas e equipamentos agropecuários voltou a criar postos de trabalho.
O segmento “dentro da porteira” foi responsável pela menor variação de empregos em 2016, tendo apresentado saldo de 331 postos de trabalho (alta de 0,4% no estoque). Contribuíram para esse resultado os setores de produção florestal (mais 628 empregos; alta de 11,8% em estoque) e de produção de lavouras temporárias (mais 329 empregos, alta de 1,0% em estoque). Nesse segmento, o destaque foi a perda de postos de trabalho na pecuária (menos 479 postos). As atividades de criação de aves e suínos foram as mais afetadas. Cabe recordar que 2016 foi um ano de dificuldades para a agropecuária gaúcha. As produções de grãos, fumo e uva recuaram, afetadas adversamente por eventos climáticos. Na pecuária, a demanda interna foi constrangida pelo quadro recessivo nacional. Destacam-se ainda os impactos do encarecimento do milho para os custos das atividades de criação de aves e suínos, especialmente no primeiro semestre do último ano.
No segmento “depois da porteira” o saldo positivo (630 empregos) foi determinado pelo desempenho dos setores de comércio atacadista de produtos agropecuários e agroindustriais (mais 994 postos; aumento de 2,5% no estoque) e de fabricação de conservas (mais 864 vagas; aumento de 35,5% no estoque). Os destaques negativos foram os setores de abate e fabricação de produtos de carne (menos 678 postos; queda de 1,2% em estoque) e de curtimento e preparações de couro (menos 338 postos; queda de 3,5% no estoque).
No Gráfico 4, são apresentadas as informações dos principais setores empregadores do agronegócio do Rio Grande do Sul, e, na Tabela 1, daqueles que responderam pelas maiores variações de empregos em 2016.