A Fundação de Economia e Estatística (FEE) divulga as estatísticas do emprego formal celetista do agronegócio do Rio Grande do Sul e do Brasil referentes a junho de 2017. As estatísticas geradas tomam por base os dados brutos disponibilizados pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho e Emprego.
Em seguida, são descritos, brevemente, os resultados do Rio Grande do Sul para o mês de junho, o primeiro semestre e os últimos doze meses.
Junho de 2017
No mês de junho, foi registrado saldo negativo de empregos formais no agronegócio do Rio Grande do Sul. O número de admissões (9.379) foi inferior ao de desligamentos (13.144), resultando na perda de 3.765 postos de trabalho com carteira assinada. Essa foi a segunda maior perda de postos de trabalho no agronegócio gaúcho para o mês de junho, considerando a série histórica iniciada em 2007. O desempenho ainda reflete a continuidade do movimento sazonal de desmobilização de mão de obra iniciado em abril. Com o encerramento da colheita da safra de verão e a consequente redução da demanda por trabalho nas atividades agroindustriais conexas, o agronegócio gaúcho historicamente registra saldo negativo de empregos nos meses do segundo e terceiro trimestre. Porém, em 2017, verifica-se um alongamento atípico do período das demissões no setor de lavouras permanentes, inflando as perdas do mês de junho.
Em junho, dois dos três segmentos do agronegócio gaúcho registraram saldo negativo de empregos. A maior perda concentrou-se no segmento “dentro da porteira”, formado por atividades agropecuárias (menos 2.428 postos). Os setores de produção de lavouras permanentes e de temporárias registraram, respectivamente, perdas de 1.543 e 663 empregos com carteira assinada. Enquanto as perdas do setor de lavouras permanentes se concentraram na região dos Campos de Cima da Serra, o que denota a importância dos desligamentos na cultura da maçã, as perdas no setor de lavouras temporárias estão mais distribuídos no território e referem-se, principalmente, às culturas do arroz e da soja.
No segmento “depois da porteira”, constituído por atividades agroindustriais e de comércio atacadista, a perda foi de 1.394 empregos. O setor de comércio atacadista de produtos agropecuários e agroindustriais foi o que registrou a maior perda de empregos no segmento (menos 372 postos). Contribuiu decisivamente para esse desempenho, o movimento verificado na atividade atacadista da soja, que continua ajustando o número de trabalhadores às necessidades do período de entressafra. O setor de abate e fabricação de produtos da carne apresentou saldo negativo de 202 empregos, o que lhe valeu a segunda posição entre os que mais perderam empregos no segmento. Ainda sobre as atividades agroindustriais, vale destacar o início do período típico de demissões na indústria fumageira (menos 161 postos), cujo pico deve ocorrer nos dois próximos meses.
Por fim, no segmento constituído de atividades dedicadas à oferta de insumos, máquinas e equipamentos para a agropecuária (segmento “antes da porteira”), houve criação de 57 postos de trabalho. Registra-se a continuidade das contratações no setor de fabricação de adubos e fertilizantes (mais 153 postos) e a ocorrência, pelo segundo mês consecutivo, de ligeiro encolhimento do quadro funcional ativo na indústria de máquinas e implementos agrícolas.
Na comparação com junho do ano anterior, a perda de postos de trabalho em 2017 foi maior, de 345 empregos. Enquanto, em junho de 2016, foram perdidos 3.420 empregos, em 2017 a perda foi de 3.765 postos de trabalho. Os setores com maior redução no saldo de empregos, na comparação desses dois meses, foram os de produção de lavouras permanentes e de produção florestal. Por outro lado, os que mais melhoraram sua condição foram os de fabricação de produtos do fumo, de comércio atacadista e de produção de lavouras temporárias.
Primeiro semestre de 2017
No primeiro semestre de 2017, foram criados 6.906 empregos com carteira assinada no agronegócio gaúcho. Esse número é 4,7% inferior ao observado em igual período de 2016, quando foram criados 7.248 empregos.
Os setores com maior criação de empregos em 2017 foram os de fabricação de produtos do fumo, de produção de lavouras permanentes, de fabricação de tratores, máquinas e equipamentos agropecuários e de comércio atacadista de produtos agropecuários e agroindustriais. Por outro lado, os setores com maior fechamento de vagas foram os de produção de sementes e mudas certificadas, de fabricação de conservas, produção de lavouras temporárias e de abate e fabricação de produtos de carne (Tabela 1).
Na comparação dos primeiros seis meses de 2016 e de 2017, observa-se que o setor que mais melhorou seu saldo de empregos no período foi o de fabricação de produtos do fumo, seguido pelos setores de fabricação de tratores, máquinas e equipamentos agropecuários e de produção de lavouras temporárias. A indústria fumageira gaúcha foi beneficiada pela condição da safra local de fumo, que se recuperou em relação ao ano anterior, quando o rendimento físico foi impactado por adversidades climáticas. Contudo, conforme indicado anteriormente, em razão da sazonalidade da oferta de matéria-prima em condições de processamento, espera-se que nos próximos meses ocorra a desmobilização de parcela expressiva da mão de obra contratada pela indústria nos primeiros meses do ano.
No Rio Grande do Sul também houve expressivo crescimento da produção agrícola, marcadamente das culturas da soja, do arroz, do milho, do fumo e da uva. Os menores saldos em relação ao ano anterior, registrados nos setores de produção de lavouras permanentes e temporárias, precisam ser lidos com cautela, dadas as implicações das diferenças entre o ano-safra e o ano-calendário.
No que se refere à indústria de máquinas e equipamentos agropecuários, observa-se uma significativa melhora na dinâmica do mercado de trabalho, que passou de um saldo negativo de 975 postos no primeiro semestre de 2016 para a criação de 776 vagas no ano corrente. Um dos motivos apontados para essa recuperação é a produção recorde de grãos no Brasil, estimada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 240,3 milhões de toneladas, o que representa uma alta de 30,1% em relação ao ano anterior.
Os setores que mais pioraram seu saldo de empregos em relação ao primeiro semestre de 2016 foram os de fabricação de conservas, produção de sementes e mudas certificadas e de abate e fabricação de produtos de carne.
Últimos doze meses
Nos últimos doze meses (jul./2016-jun./2017), foram criados 1.347 empregos formais no agronegócio gaúcho. Os setores que mais contribuíram para a criação de empregos nesse período foram os de fabricação de produtos do fumo (mais 2.306 postos), de fabricação de tratores, máquinas e equipamentos agropecuários (mais 909 postos), de comércio atacadista de produtos agropecuários e agroindustriais (mais 874 empregos) e de produção de lavouras temporárias (mais 595 empregos).
Entre os setores que seguem apresentando saldo negativo de empregos nos últimos doze meses, os destaques são os de abate e fabricação de produtos de carne (menos 1.569 postos) e de curtimento e preparações do couro (menos 914 empregos). É válido referir que o setor de abates é o maior empregador do agronegócio gaúcho (55.626 empregos). O encolhimento do quadro funcional nesse setor encontra explicação na redução de sua atividade, expressa no menor número de animais guiados para abate. A resiliência da crise na economia brasileira e a dificuldade de expandir os volumes exportados (no primeiro semestre houve queda de 6,5% nos embarques) prejudicam sua retomada.
Em termos relativos, comparando-se a variação nos saldos de empregos nos últimos dozes meses, observa-se que o setor que mais melhorou sua condição foi o de fabricação de tratores, máquinas e equipamentos agropecuários. Enquanto no período jul./2015-jun./2016 foram fechados 3.608 postos, nos últimos doze meses foram criados 909 empregos no setor, o que sugere, conforme apontado anteriormente, o início de uma recuperação que se afigura lenta e gradual.
No Gráfico 2, são apresentadas as informações do número de empregos nos sete principais setores empregadores formais do agronegócio do Rio Grande do Sul. A diferença nos estoques de emprego de cada setor equivale ao saldo nos últimos 12 meses.