Agronegócio gaúcho apresenta saldo negativo de empregos com carteira assinada em maio

No mês de maio, foi registrado saldo negativo de 6.971 postos de trabalho no agronegócio gaúcho, considerando o emprego formal celetista. Essa foi a diferença entre o número de admissões e de desligamentos no setor. O resultado é explicado pela continuidade do movimento de queda nas admissões, iniciado em abril, que decorre principalmente do arrefecimento do ritmo de atividade em setores cujo dinamismo está atrelado ao ciclo das culturas de verão. Na comparação com igual mês do ano anterior, observa-se que a perda de empregos foi superior em 2016 (-5.182 postos contra -6.971 postos).

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Em maio de 2016, houve perda de postos de trabalho nos três segmentos do agronegócio gaúcho: “dentro da porteira” (-3.694 postos), “antes da porteira” (-255 postos) e “depois da porteira” (-3.022 postos). Considerando apenas a agropecuária, as maiores perdas foram contabilizadas nas atividades de cultivo de cereais (-1.276 postos) e de cultivo de frutas de lavoura permanente, exceto laranja e uva (-1.495 postos).

As maiores reduções de postos de trabalho no segmento “depois da porteira” foram registradas nas atividades de beneficiamento de arroz e fabricação de produtos do arroz (-748 postos), comércio atacadista de soja (-747 postos) e comércio atacadista de animais vivos, alimentos para animais e matérias-primas agrícolas (-577 empregos). Outro destaque negativo no mês ocorreu no setor de abate e fabricação de produtos de carne (-355 empregos). Além dos efeitos adversos da conjuntura econômica recessiva no País, a indústria de carnes gaúcha atravessa dificuldades em razão do encarecimento das principais matérias-primas que compõem a ração para aves e suínos (milho e soja).

No segmento “antes da porteira”, a maior perda de postos de trabalho com carteira assinada ocorreu na atividade de fabricação de máquinas e equipamentos para a agricultura e a pecuária (-402 postos). Afetada pela redução dos investimentos na agropecuária brasileira, essa atividade acumula saldos negativos no emprego (-7.391 postos desde julho de 2014). Em maio, o destaque positivo no segmento “antes da porteira” foi a fabricação de adubos e fertilizantes, que registrou a criação de 194 postos de trabalho no Estado.

Em termos regionais, a principal variação no mês de maio ocorreu no Município de Vacaria, que apresentou saldo negativo de 1.361 empregos formais no agronegócio. Tal resultado é explicado pela continuidade do processo de desmobilização de mão de obra, já observado no mês passado, associado ao término da colheita da maçã. Outros municípios que, em maio, também apresentaram saldo negativo de empregos no agronegócio foram Passo Fundo, Santa Vitória do Palmar e Bom Jesus. Nesses municípios, as perdas concentraram-se, respectivamente, nas atividades de abate de suínos, aves e outros pequenos animais (-315 postos), cultivo de cereais (-301 postos) e cultivo de frutas de lavoura permanente (-260 postos).

 Acumulado do ano

Apesar dos saldos negativos de abril e maio no Estado, as admissões no setor continuam superando os desligamentos no acumulado do ano (10.645 postos). O principal responsável por esse desempenho é o segmento “depois da porteira”, com destaque para os setores de fabricação de produtos do fumo (mais 8.107 postos), comércio atacadista de produtos agropecuários e agroindustriais (mais 1.546 postos) e moagem e fabricação de produtos amiláceos (mais 868 postos). O segmento “antes da porteira” é o que apresenta os piores números (-1.045 postos), afetado pelo setor de fabricação de tratores, máquinas e equipamentos agropecuários (-898 postos).

A comparação entre os números acumulados dos primeiros cinco meses de 2015 e de 2016 revela que o saldo de empregos no ano corrente é inferior (-393 postos). Em termos setoriais, destaca-se que as indústrias do fumo e de carnes criaram menos empregos que em igual período de 2015. Por outro lado, os resultados sinalizam a recuperação do setor de curtimento e preparações de couro e a ocorrência de saldos menos negativos nas indústrias de conservas e de tratores, máquinas e equipamentos agropecuários.

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NOTA: As estatísticas de emprego do agronegócio calculadas pela FEE abrangem exclusivamente o emprego formal celetista (com carteira assinada). Portanto, não alcançam a totalidade do pessoal ocupado — formal ou informalmente — nas atividades econômicas do agronegócio. Para maiores informações sobre os procedimentos metodológicos e as fontes dos dados brutos, consultar a Nota Técnica.

 

FEE/Centro de Estudos Econômicos e Sociais/Núcleo de Estudos do Agronegócio.