Política industrial: uma análise das vantagens comparativas e competitivas

Textos para Discussão FEE, n.137 (2015) - ISSN 1984-5588

Autor(es):
Cristina Maria dos Reis Martins, Ibes Eron Alves Vaz, Daniel Pacheco Lacerda e José Antônio Valle Antunes Júnior

Resumo

A política industrial está permeada pela percepção do nível de participação do Estado no apoio e no fortalecimento das atividades produtivas em determinado país. Trata-se de uma discussão longínqua, que vem dividindo as opiniões de inúmeros pensadores. Nessa perspectiva, este trabalho apresenta o embate entre diferentes correntes de pensamento, trazendo à tona um debate realizado por dois economistas contemporâneos: Justin Lin, com um perfil ortodoxo/neoclássico, e Ha-Joon Chang, heterodoxo, defensor do protagonismo do Estado na economia. A principal indagação deste trabalho se refere à existência ou não de políticas de incentivo à industrialização e à modernização industrial, em conformidade com as vantagens comparativas atuais ou que visam eliminar passos (“degraus”) na “escada do desenvolvimento”. Para maior compreensão, são apresentadas as bases conceituais das concepções das vantagens comparativas e das vantagens competitivas, que formam o pano de fundo do debate, e também as bases teórico-analíticas de algumas entre as principais abordagens que tratam da questão da intervenção do Estado na economia e permeiam a ideia de política industrial: as visões ortodoxa, desenvolvimentista e evolucionista. Na comparação entre as convergências e as divergências no diálogo dos economistas, observa-se uma aproximação entre eles no debate, mas que ocorre apenas em termos gerais: na concordância quanto a alguma participação do Estado no processo de modernização industrial. Todavia, mantem-se a polarização nos aspectos específicos e decisivos, no tipo de intervenção estatal e no nível de profundidade dessa intervenção, em que ambos não se dispõem a romper com suas prerrogativas teórico-analíticas. As vantagens comparativas se apresentam como um conceito estabelecido, ao passo que as vantagens competitivas ainda necessitam desenvolver-se enquanto uma opção analítico-teórica. As primeiras se apresentam como estáticas, modeladoras e idealizadas, já as segundas tendem a uma maior aproximação com o contexto real. No entanto, esse debate não é conclusivo e requer mais aprofundamentos, seja em termos da política industrial, em especial, em um recorte regional, seja em relação às concepções de competitividade e de padrões de concorrência.