PIB do RS tem crescimento nulo depois de 11 trimestres de queda

Trimestre sobre o mesmo trimestre do ano anterior

No primeiro trimestre de 2017, contra igual trimestre do ano anterior, o Produto Interno Bruto (PIB) do Rio Grande do Sul apresentou variação nula (0,0%). No entanto, esse desempenho foi superior à variação negativa observada no País (-0,4%) para o mesmo período.

Em sua composição, o Valor Adicionado Bruto (VAB) cresceu 0,2%, e os impostos líquidos caíram 1,7%. Já o VAB do Brasil teve uma variação negativa de 0,3%, e os impostos líquidos caíram 0,8%. Em virtude de um recuo mais acentuado das atividades com maior incidência tributária (energia, refino e informação), a queda do volume arrecadado em impostos sobre produtos no Rio Grande do Sul foi maior do que a observada no conjunto do País. Entre as grandes atividades, a agropecuária gaúcha foi a única que apresentou variação positiva no primeiro trimestre (3,5%), mas menor que a observada no País (15,2%). A indústria no Rio Grande do Sul teve queda de 1,0%, enquanto, no Brasil, esta foi de 1,1%. Da mesma forma, os serviços no Estado apresentaram variação negativa menor que a queda observada na economia brasileira (-0,1% ante -1,7%).

Depois de quatro reduções consecutivas das taxas trimestrais negativas em 2016, a variação nula do PIB no primeiro trimestre de 2017 seguiu a tendência de taxas trimestrais cada vez menores que vem ocorrendo depois da fase mais aguda de queda da atividade econômica em 2015. As taxas acumuladas ao longo do ano sobre o mesmo período do ano anterior, que ocorreram nos quatro trimestres de 2016, retrataram a mesma situação.

Desde o segundo trimestre de 2014, por 11 trimestres, a variação do PIB gaúcho vinha sendo negativa. Essas quedas foram acompanhadas de taxas negativas também na economia nacional. Entretanto, depois de dois trimestres consecutivos apresentando taxas negativas menores que as do Brasil, o Rio Grande do Sul, no primeiro trimestre de 2017, não decresceu, o que não ocorreu no plano nacional. Esse resultado parece decorrer do fato de que o bom desempenho agrícola e o aumento das exportações da indústria de transformação, que ocorreram tanto no Brasil quanto no RS, impactaram mais o RS, devido à maior participação desses setores na economia gaúcha.

Trimestre sobre o trimestre imediatamente anterior

No primeiro trimestre de 2017, a taxa de crescimento contra o trimestre imediatamente anterior (com ajuste sazonal) do Produto Interno Bruto (PIB) do Rio Grande do Sul teve variação positiva de 0,6%. Esse desempenho foi inferior ao observado no Brasil, cujo crescimento foi de 1,0%. As três principais atividades apresentaram taxas positivas nesse tipo de comparação. A agropecuária cresceu 4,7%, a indústria 1,0%, e os serviços 0,7%. Nessa comparação, apenas a agropecuária apresentou crescimento, em relação ao trimestre anterior, inferior ao nacional (4,7% e 13,4% respectivamente), o que decorreu do fato de a colheita de lavouras de maior rendimento se concentrar no primeiro trimestre no restante do País.

Observando a trajetória recente desse indicador, desde o terceiro trimestre de 2014 é o primeiro resultado positivo no Rio Grande do Sul que não ocorreu em segundos trimestres, exatamente quando se concentra a colheita da soja no Estado.

Destaques setoriais do trimestre

No primeiro trimestre, o desempenho da agropecuária foi influenciado pela recuperação na safra de arroz. Houve um aumento de 14,0% na produção de arroz, devido ao crescimento da produtividade de 9,8% em relação a 2017, ano em que a safra havia sido prejudicada pelo excesso de chuva.  A soja, apesar de ter impacto maior no segundo trimestre, também contribuiu positivamente para a agricultura do Estado, tendo um crescimento de 6,5% na produção. Outro produto importante no trimestre foi o milho, que também foi influenciado por condições climáticas favoráveis, elevando a sua produção em 9,8%, em relação a 2017. A safra de uva no ano de 2017 deve ter produção recorde, logo após ter sofrido fortes perdas em 2016. O mesmo acontece com a maçã, que está tendo uma ótima produção em 2017, depois de ter sido prejudicada pelo clima em 2016. Apesar do bom desempenho do setor agropecuário no Estado, ele foi inferior ao crescimento registrado no Brasil, principalmente por conta do aumento nas safras de milho e soja, que foram maiores no Brasil do que no RS.

A indústria apresentou queda de 1,0%, decorrente da variação negativa de três de seus quatro segmentos no trimestre. Apenas a indústria de transformação apresentou comportamento positivo no primeiro trimestre, de 0,7%. Os demais segmentos da indústria exibiram taxas negativas no trimestre, tendo a extrativa apresentado uma queda de 7,6%; eletricidade e gás, água, esgoto e limpeza urbana, redução de 7,3%; e a construção, diminuição de 4,9%.

O resultado positivo da indústria de transformação (0,7%) no primeiro trimestre de 2017 foi influenciado pelo desempenho positivo do segmento metalmecânico, com destaque para fabricação de veículos automotores, reboques e carrocerias (12,8%), produtos de metal (10,5%) e metalurgia (10,4%). O crescimento das exportações foi determinante nesse desempenho. Além disso, a produção de bebidas cresceu 32,8% por causa da excelente safra de uva. Os destaques negativos foram a fabricação de coque e produtos derivados do petróleo e de biocombustíveis (-16,1%), decorrente do aumento da penetração de importados no mercado nacional, e a da celulose, papel e produtos de papel, com queda de 12,9%, por causa da parada não programada que ocorreu no trimestre. Esse foi o segundo trimestre seguido em que o VAB da indústria de transformação cresceu (a taxa foi de 1,1% no 4.° trim./2016), enquanto o resultado nacional continuou sendo de quedas.

Os serviços apresentaram variação negativa de 0,1%, com duas atividades apresentando taxas positivas: transporte (3,4%) e atividades imobiliárias (1,2%). O desempenho significativo dos transportes parece estar associado ao crescimento do segmento metalmecânico. Outros serviços e administração púbica apresentaram variação nula, enquanto a intermediação financeira, os serviços de informação e o comércio apresentaram redução de -2,5%, -1,2% e – 1,0 % respectivamente. Apenas os serviços de informação caíram mais que no Brasil (-0,3%). A queda menor no segmento de serviços do Rio Grande do Sul que no do País pode estar relacionada com a queda menor no nível ocupacional e nos rendimentos reais da economia gaúcha.

Crescimento acumulado em quatro trimestres

No primeiro trimestre de 2017, a taxa acumulada em quatro trimestres do PIB Trimestral do RS continuou negativa (-2,0%). Em sua composição, os impostos caíram 4,9%, e o Valor Adicionado Bruto (VAB) diminuiu 1,5%. A queda da agropecuária foi de 1,0%, a da indústria foi de 2,6%, e os serviços caíram 1,3%.

Observando a evolução da taxa de crescimento acumulada em quatro trimestres do Rio Grande do Sul juntamente com a do Brasil, fica clara a correlação entre as quedas nas economias gaúcha e brasileira desde o segundo trimestre de 2014. Tal comportamento é similar às quedas de 2008 e 2009, entretanto, no período mais recente, embora tenha sido de forma menos abrupta, a crise tem sido mais profunda e duradoura.

O nível médio em quatro trimestres do PIB da economia gaúcha retornou a um patamar próximo ao do segundo trimestre de 2013. Enquanto o nível do produto da agropecuária não indica ter sido prejudicado significativamente pela crise, o nível do produto da indústria retrocedeu ao patamar do terceiro trimestre de 2006.