RS cria mais de 20 mil vagas no agronegócio no primeiro trimestre

O agronegócio gaúcho registrou aumento de mais de 20 mil postos de trabalho com carteira assinada no primeiro trimestre. É o que indicam os dados divulgados nesta quinta-feira (7) pelo Núcleo de Estudos do Agronegócio da FEE. Além de estatísticas do emprego formal celetista do agronegócio, a pesquisa também indica o desempenho das exportações do agronegócio nos três primeiros meses do ano.

AGRONEGÓCIO

Da esquerda para direita, os economistas da FEE na divulgação: Rodrigo Feix (Coordenador do Núcleo de Estudos do Agronegócio), Sérgio Leusin Jr. e Martinho Lazzari (Diretor Técnico da FEE)

No primeiro trimestre de 2016, houve ganho de 21.069 postos de trabalho com carteira assinada criados no agronegócio do Rio Grande do Sul. Essa é a diferença entre o número de admissões (64.227) e de desligamentos (43.158) de trabalhadores formais celetistas nas atividades que compõem o setor. “Esse resultado não chega a surpreender em razão da sazonalidade associada às culturas de verão. Nesse período ocorre a maior mobilização de mão de obra para a safra, para o recebimento e processamento da matéria-prima agrícola”, analisa o economista da FEE Rodrigo Feix.

O RS foi o estado brasileiro com maior criação de vagas, seguido por Mato Grosso (8.567 postos) e Goiás (8.355 postos). No Brasil, houve redução de 14.567 postos de trabalho no setor no primeiro trimestre de 2016. Apesar do saldo positivo, o estoque do emprego formal do agronegócio gaúcho ficou negativo. No comparativo do primeiro trimestre de 2016 com o primeiro trimestre do ano passado, o recuo de empregos com carteira assinada no agronegócio gaúcho foi de 0,6%. Na prática, como esclarece Feix, isso significa que “apesar de o número de postos de trabalho criados em 2016 ter sido superior ao observado no primeiro trimestre do ano passado, essa diferença não foi suficiente para compensar os saldos negativos dos três últimos trimestres”.

O que explica o saldo positivo do emprego com carteira assinada no primeiro trimestre deste ano foi o desempenho do segmento “depois da porteira”, que na cadeia do agronegócio se refere às etapas de transporte, armazenagem, industrialização, distribuição e comercialização. “Nesse segmento, foram criados 15.118 novos posto de trabalho entre janeiro e março. Composto principalmente por atividades agroindustriais, o segmento responde por aproximadamente 2/3 do total do emprego formal do agronegócio gaúcho”, aponta Feix. Os principais setores que contrataram no primeiro trimestre foram os de fabricação de produtos do fumo e de comércio atacadista de produtos agropecuários e agroindustriais. Já o setor de fabricação de conservas foi o que mais perdeu empregos no primeiro trimestre na agroindústria gaúcha.

O estudo também indica que há um importante componente sazonal associado ao movimento do emprego formal no agronegócio gaúcho. “Tradicionalmente, em razão da dinâmica das atividades agrícolas e agroindustriais mais diretamente vinculadas às safras de verão, ocorre maior mobilização de mão de obra no primeiro e quarto trimestres de cada ano”, pontua Feix.

Os municípios gaúchos que registraram maior criação de empregos com carteira assinada em 2016 foram Santa Cruz do Sul e Venâncio Aires, tradicionais produtores e beneficiadores de fumo. Vacaria e Bom Jesus se destacaram pelos empregos temporários criados na atividade de colheita da safra de maçã. “Esses quatro municípios também lideravam a criação de empregos no primeiro trimestre de 2015, o que reforça a natureza sazonal desse movimento”, avalia Feix. Morro Redondo, Fazenda Vilanova e Cruz Alta tiveram saldo negativo de empregos com carteira assinada.

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Exportações do agronegócio: mais de 60% das vendas externas do RS

As exportações do agronegócio gaúcho totalizaram US$ 1,694 bilhão no primeiro trimestre de 2016, valor que corresponde a 60,3% das vendas externas totais do Estado. Na comparação com igual período de 2015, o valor exportado retraiu 10,5%, decorrente da queda de volume e de preços. O economista Sérgio Leusin Jr. avalia que, historicamente, as exportações do agronegócio gaúcho registram no primeiro trimestre o menor valor exportado do ano. “Esse resultado é explicado pela dinâmica das vendas de grãos, sobretudo a soja, que se concentram no segundo e terceiro trimestres”, ressalta.

Os cinco principais setores exportadores do agronegócio do RS no primeiro trimestre de 2016 foram carnes, complexo soja, fumo e seus produtos, produtos florestais e cereais, farinhas e preparações. “As exportações desse conjunto de setores caíram de US$ 1,517 bilhão no primeiro trimestre de 2015 para US$ 1,379 bilhão em 2016. Apesar da queda em valores absolutos, a participação desses setores no total das vendas externas do agronegócio cresceu, passando de 80,2% para 81,4%”, aponta Sérgio. O destaque positivo foi nas exportações do setor de produtos florestais, que tiveram alta de 283,7%. As vendas de celulose cresceram 669,2% e atingiram 170,9 milhões de dólares no trimestre.

Os principais destinos das exportações do agronegócio gaúcho no primeiro trimestre de 2016 foram União Europeia, China, Estados Unidos, Coréia do Sul e Rússia. Esses cinco países somam mais de 47% das exportações gaúchas do agronegócio.

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Confira o estudo completo Indicadores econômicos do agronegócio do Rio Grande do Sul – resultados do primeiro trimestre de 2016 e as fotos da divulgação.

Gisele Reginato – Jornalista