PIB do primeiro trimestre revela economia gaúcha com queda menor que o desempenho nacional

A economia gaúcha se revelou com desempenho mais favorável que o nacional, apesar da queda nos dois cenários. É o que mostram os dados do PIB do primeiro trimestre deste ano comparado a 2015. A divulgação foi feita nesta terça-feira, 14, pelo Núcleo de Contas Regionais da Fundação de Economia e Estatística.

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Roberto Rocha (E),coordenador do Núcleo de Contas Regionais, Igor Morais, presidente da FEE e Juarez Meneghetti, supervisor do CIES na coletiva de apresentação do PIB

A taxa de crescimento do RS foi de -4,3%. Já o recuo na economia brasileira foi de -5,4%, revertendo a tendência dos dois últimos trimestres de 2015, de aumento das taxas negativas e em valores maiores que os nacionais. Essa diminuição menor da economia gaúcha reflete um desempenho total da indústria melhor que o brasileiro, mesmo com uma queda significativa da agropecuária, segmento que vinha sustentando melhores resultados. Das taxas dos grandes setores, apenas a agropecuária apresentou resultado pior que no trimestre anterior (-8,1% ante 2,4%), com a indústria caindo 6,3% neste trimestre e 12,4% no quarto trimestre de 2015, com os serviços diminuindo 2,5% agora e 3,4% no final do ano passado. Com base nesses desempenhos, a taxa trimestral do Valor Adicionado Bruto (VAB) total caiu 4,2% neste trimestre e 5,7% no trimestre anterior, o dos impostos sobre produtos líquidos de subsídios diminuiu 4,9% agora e 10,6% no quarto de 2015. Assim, a taxa trimestral do Produto Interno Bruto (PIB), que havia recuado 6,4% no quarto trimestre de 2015, caiu os 4,3% no primeiro de trimestre de 2016.

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Apesar da queda em suas quatro atividades, a desaceleração da queda da indústria neste trimestre é bastante significativa. Segundo Roberto Rocha, coordenador do Núcleo de Contas Regionais, “a redução da taxa da indústria de transformação de 16,1% no último trimestre 2015 para 7,7% agora, considerando que há mais de quatro trimestres as quedas da atividade vinham sendo de mais de dois dígitos, aponta que parte da transformação está tendo, em algum grau, melhores resultados”. A explicação vem da exportação. Nos dados sobre a exportação do segmento no primeiro trimestre, divulgados pela FEE em abril, o volume da indústria de transformação havia crescido 16, 4%.imagem2PIB

Neste trimestre, o desempenho da agropecuária foi muito prejudicado pelas condições climáticas. Segundo o coordenador das Contas, “O arroz, que é a principal cultura agrícola do trimestre, foi prejudicado pelo mau tempo tanto no plantio quanto na colheita”.

No setor de serviços, o comércio diminuiu sua queda, -8,4% agora, contra -12,9% no quarto trimestre de 2015. Entretanto, no restante dos serviços, apenas a intermediação financeira melhorou no primeiro trimestre de 2016 em relação ao quarto trimestre de 2015 (-0,4% e -0,8%, respectivamente).

Para Roberto Rocha, com os rendimentos reais ainda baixos, taxa de desemprego subindo, crédito caro e restrito e governos com dificuldades fiscais, não é possível termos uma retomada generalizada da economia. O volume de arrecadação de impostos diretos continua com uma taxa negativa, mas melhor que no último trimestre do ano passado, em função da melhora da indústria de transformação, principalmente do refino, e do comércio, sobretudo o atacadista.

Ainda que as taxas negativas não sejam tão animadoras, o recuo da desaceleração é um indicativo que pode ser encarado com certo otimismo, analisa o Presidente da FEE, Igor Morais, ao fazer a leitura dos dados. “Parece que a economia está começando a se estabilizar, com quedas de menor magnitude. Entretanto, a retomada exige outras condições. Sem o equacionamento do déficit fiscal, os investimentos não retornarão”, alerta Morais.

Sandra Bitencourt- Jornalista