Ocupação e rendimentos dos jovens deterioram-se com a continuidade da crise

A conjuntura de crise econômica em 2016 continua atingindo também os jovens, com um aumento de 26.6% na taxa de desemprego entre 2015 (15,4%) e 2016 (19,5%).  O contingente de jovens desempregados foi estimado em 106 mil, em 2016, acréscimo de 17 mil em relação ao ano anterior. Os dados foram divulgados pela Fundação de Economia e Estatística (FEE), nesta terça-feira (8), no Informe Especial sobre a inserção no mercado de trabalho da população jovem, que compreende a faixa etária de 15 a 29 anos, no mercado de trabalho da Região Metropolitana de Porto Alegre (RMPA).

Pesquisadora Iracema Castelo Branco (FEE, esq.), Diretor Técnico da FEE, Martinho Lazzari, Diretor-Presidente da FGTAS, Gilberto Baldasso, e pesquisadora Virnígia Donosso (DIEESE)

Em 2016, o aumento na taxa de desemprego entre os jovens foi superior ao observado para a população em geral e eles representavam mais da metade dos desempregados na RMPA. Além disso, os jovens tiveram uma retração no nível ocupacional mais intensa do que a registrada para os adultos, com a redução de 48 mil jovens ocupados. Já o rendimento médio real teve queda de 5,4% para os jovens, no período, tendo aumentado o risco relativo de os jovens serem trabalhadores de baixos salários.

Quando são comparadas as taxas de ocupação dos jovens por sexo, constata-se que, em 2016, a crise econômica atingiu as mulheres com maior intensidade do que os homens: entre as primeiras, a taxa de ocupação teve queda de 50,2% em 2015 para 44,6% em 2016, e entre os últimos, de 59,1% para 54,4%. Em termos de alocação setorial dos jovens, os serviços são o setor que detém a maior parcela relativa dos ocupados desse grupo populacional (51,5% em 2016).

Na RMPA, a população jovem, que compreende a faixa etária de 15 a 29 anos, teve crescimento até 2005 e a partir do ano seguinte passou a apresentar tendência de redução. Já a parcela relativa de jovens na População em Idade Ativa (PIA) permaneceu relativamente estável até 2005, com posterior redução, passando de 31,3% naquele ano para 24,8% em 2016, a menor proporção no período.

Transição da escola para o mercado de trabalho

Em 2016, houve tendência de aumento na parcela de jovens que somente estudam, apesar da conjuntura adversa no mercado de trabalho, nos últimos dois anos. Esse segmento da população juvenil, que era de 17,5% em 2000, passou para 23,7% em 2015 e 26,3% em 2016.

Um dado positivo se refere ao aumento da escolaridade dos jovens. A parcela de jovens com ensino médio completo aumentou de 32,0% em 2000 para 45,6% em 2016, enquanto a parcela de jovens com o ensino superior completo aumentou de 3,6% para 6,2% no período. Por outro lado, a parcela de jovens com o ensino fundamental incompleto reduziu-se de 32,7% em 2000 para 14,8% em 2016.

Segundo a economista Iracema Castelo Branco, Supervisora do centro de Pesquisa de Emprego e Desemprego da FEE, “os jovens encontram-se numa fase particular do ciclo de vida, na qual se dá a transição da escola para o trabalho. Aqueles que têm condições de concluir os estudos, possivelmente terão melhores oportunidades ao chegar ao mercado de trabalho quando comparados àqueles que iniciam sua vida laboral antes de concluí-los”.

A FEE calcula e disponibiliza desde 1992, todos os meses, uma série de estatísticas derivadas da Pesquisa de Emprego e Desemprego da Região Metropolitana de Porto Alegre. Os dados são referentes a diversas variáveis selecionadas, que permitem análises socioeconômicas e acompanhamento das condições e configurações do mercado de trabalho na RMPA.  A Pesquisa é executada mediante convênio entre  a Fundação de Economia e Estatística, A Fundação Gaúcha do Trabalho e Ação Social (FGTAS) e o Departamento  Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE).

Íntegra Informe PED Especial – jovens na RMPA.

Anelise Rublescki – Jornalista FEE