Diminui desigualdade no mercado de trabalho entre mulheres e homens, mas desemprego cresce

No mês em que se comemora o Dia Internacional da Mulher, a Fundação de Economia e Estatística disponibiliza o Informe PED-RMPA Mulher e Trabalho, um boletim que traz uma análise dos indicadores sobre a inserção feminina no mercado de trabalho da RMPA, em 2015. São elementos relevantes para subsidiar políticas públicas de inclusão da mulher no mercado de trabalho e na sociedade. A Pesquisa de Emprego e Desemprego é realizada pela FEE em parceria com a FGTAS e o DIEESE.

A taxa de desemprego na Região Metropolitana de Porto Alegre (RMPA), em 2015, apresentou a maior elevação já registrada na Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED) da RMPA desde 1993. Foi um ano de resultados negativos para ambos os sexos e, mais ainda, para os homens. A taxa de desemprego feminina aumentou de 6,6% em 2014 para 9,1 em 2015 (aumento de 37,9% em relação a 2014), enquanto a taxa masculina teve aumento de 55,6%, passando de 5,4 para 8,4% em 2015. Houve, então, aproximação das duas taxas, fazendo com que a desigualdade entre a taxa feminina e masculina atingisse o menor patamar da série PED-RMPA. 

Pesquisadores da FEE, do Diesse e da FGTAS durante a divulgação do Informe Especial Mulher e Trabalho

Segundo a Coordenadora do Núcleo de Análise Socioeconômica e Estatística da PED, Iracema Castelo Branco, “A deterioração do mercado de trabalho em 2015 foi mais intensa para os homens do que para as mulheres e um dos fatores se deve ao fato da recessão econômica ter atingido fortemente os setores da indústria e da construção, onde a maioria dos trabalhadores são homens”.

O ano de 2015 foi marcado por uma intensa retração do nível de atividade econômica. O contingente de desempregadas teve acréscimo de 25 mil mulheres, tendo sido estimado em 82 mil pessoas. Esse resultado deve-se à redução na ocupação feminina (menos 7 mil postos de trabalho) e ao ingresso de 18 mil mulheres no mercado de trabalho. Em 2015, as mulheres representavam 48,2% do total de desempregados. A queda na ocupação feminina ocorreu no setor de comércio enquanto a masculina ocorreu na indústria, construção e comércio.

O rendimento médio real dos ocupados e assalariados mostrou grande redução em 2015 tanto para mulheres como para os homens, eliminando parte considerável dos avanços que haviam sido obtidos a partir de 2005. As mulheres ocupadas tiveram rendimento real médio de R$ 1.705 e os homens de R$ 2.136, resultado da queda de 4,4% no rendimento feminino e de 9,5% no masculino, diminuindo a desigualdade de renda entre os sexos ao menor patamar já registrado na PED-RMPA. Apesar disso, em 2015, o rendimento das  mulheres equivalia a 79,8% do masculino, demostrando a permanência da desigualdade.

“As mulheres permanecem com rendimento inferior ao dos homens em todos os setores de atividades, a menor desigualdade observada é no comércio, setor no qual as mulheres representam 43,5%”, pontua Patrícia Biasoli, estatística da FEE.

Em 2015, as mulheres não foram as mais atingidas com o fechamento de postos de trabalho, mas a inserção delas diminuiu no setor público (-3,9%) e aumentou (2,3%) no emprego doméstico, após três anos de declínio. Trata-se de um retrocesso na melhoria da qualidade da ocupação feminina.

Acesse a pesquisa completa, o vídeo, a apresentação e a Síntese Ilustrada.

Anelise Rublescki

Jornalista