Desemprego volta a crescer na Região Metropolitana de Porto Alegre

A FEE apresentou nesta quarta-feira, 31, os dados da Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED-RMPA) que neste mês completa 25 anos ininterruptos. As informações mostram o aumento do desemprego de 10,8% para 11,3%, da População Economicamente Ativa (PEA), entre março e abril de 2017, após 6 meses de relativa estabilidade. O número total de desempregados foi estimado em 203 mil pessoas, 6 mil a mais em relação ao mês anterior.

Da esquerda para direita: Lúcia Garcia (DIEESE), Iracema Castelo Branco (FEE), Martinho Lazzari (Diretor Técnico da FEE) e Gilberto Baldasso (Diretor-presidente da FGTAS)

A economista da FEE, Iracema Castelo Branco, explica que esse resultado se deve à redução da ocupação em -2,1%, com menos 34 mil vagas, um número superior à saída da PEA (menos 28 mil, ou -1,5%). “A taxa de participação diminuiu de 51,3 % para 50,5% no período em análise, atingindo o menor patamar da série histórica”, alerta. Houve redução na indústria de transformação (menos 38 mil ocupados, ou -13,6%) e aumento nos serviços (mais 8 mil ocupados, ou 0,9%). Os setores de comércio; reparação de veículos automotores e motocicletas (menos 1 mil ocupados, ou -0,3%) e construção (menos 1 mil ocupados, ou -0,8%) se mantiveram estáveis.

Para a Coordenadora Nacional do Sistema PED, Lúcia Garcia, o RS e mais especificamente a Região Metropolitana de Porto Alegre têm um comportamento de sentinela no mercado de trabalho. “O que acontece na RMPA é o que ocorre cerca de três meses depois em outras Regiões Metropolitanas brasileiras. Isso é preocupante porque tínhamos a expectativa da estabilidade na taxa de desemprego, mas essa piora coloca não só o RS mas o país também em um momento de grande dificuldade”, avalia.

Os assalariados tiveram redução na ocupação (menos 38 mil, ou -3,3%), tanto no setor privado (menos 32 mil, ou -3,3%) quanto no setor público (menos 5 mil, ou -2,8%). O emprego com carteira assinada teve redução de 3,8% (menos 33 mil) e o emprego sem carteira se manteve relativamente estável (mais 1 mil, ou 1,1%). Mas outros segmentos fornecem pistas para compreender um quadro deterioração do mercado de trabalho, de acordo com a economista Iracema Castelo Branco. “Constatou-se aumento entre os trabalhadores autônomos (mais 8 mil, ou 3,6%) e empregados domésticos (mais 3 mil, ou 2,9%). E foi justamente para os trabalhadores autônomos que ocorreu redução do rendimento médio real em -3,4% (ao redor de R$ 1.578). Ou seja , há mais trabalhadores autônomos disputando renda, como alternativa ao desemprego, mas seus ganhos estão sendo reduzidos”, avalia.

Entre fevereiro e março de 2017, o rendimento médio real aumentou para o total de ocupados  (0,5%) e assalariados (1,5%). Em termos monetários, esses rendimentos passaram a corresponder a R$ 1.850 e R$ 1.867 respectivamente.

Sandra Bitencourt – Jornalista