Comércio é a atividade com maior queda no PIB gaúcho do terceiro trimestre

O PIB gaúcho apresentou uma queda de 3,4% no terceiro trimestre de 2015, na comparação com o mesmo período do ano passado. Essa é a sexta queda consecutiva e também a maior desde o segundo trimestre de 2014. Os dados apresentados nesta manhã, 09, pela FEE, revelam que o comércio foi a atividade com maior recuo.

Os dois componentes da taxa trimestral do PIB tiveram taxas negativas: os impostos caíram 7,4% e o Valor Adicionado Bruto (VAB) reduziu 2,8%. Esses resultados são decorrentes da forte queda da indústria total (-9,4%) e da ampliação da desaceleração dos serviços (-2,3%). “A indústria manteve o ritmo de queda já verificado no trimestre anterior enquanto a redução nos serviços atingiu outros setores e se ampliou aonde já vinha caindo”, explica o economista Roberto Rocha, coordenador do Núcleo de Contas Regionais da FEE.

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O desempenho negativo no setor de serviços é derivado basicamente da queda no comércio. Em relação ao mesmo período de 2014, o comércio caiu 12,5%, fechando o terceiro trimestre como a atividade com mais retração no PIB. As principais contribuições negativas do setor vieram de uma queda na venda de veículos (-29,2%) e móveis (-18,8%). O único segmento positivo foi o de artigos farmacêuticos (0,1%). Roberto avalia que a contínua e disseminada redução do comércio decorre do aumento no desemprego, da queda na renda real e da desaceleração do crédito no Estado. “As famílias estão mais cautelosas em suas compras. Mesmo quem não está ainda sofrendo com o desemprego tem medo. Some-se a isso um menor poder aquisitivo – decorrente da inflação e de menores reajustes salariais – e crédito mais caro e restrito. As decisões de compras estão sendo postergadas o máximo possível”.

A queda da indústria foi puxada pela retração da indústria de transformação (-10,8%), liderada pela queda na produção de veículos automotores (-35%). O desempenho da transformação no RS está condicionado pela situação econômica nacional, principalmente pela queda nos investimentos em formação bruta de capital fixo no país. “Em torno de 56% do Valor Adicionado pela indústria de transformação gaúcha destina-se ao resto do Brasil. Uma parte importante dela é composta de máquinas e equipamentos de transporte. Além disso, produzimos diversas partes e componentes metálicos. Assim, a queda nos investimentos nacionais impacta fortemente nossa estrutura industrial”, pontua Roberto.

PIB

Roberto Rocha, Juarez Meneghetti (Supervisor do Centro de Informações Estatísticas da FEE) e Martinho Lazzari (Diretor Técnico da FEE)

Já a agropecuária teve um crescimento significativo de 18,4%, principalmente em função da atividade pecuária, especialmente a produção de aves. No entanto, não chega a ter um grande peso no terceiro trimestre. “Uma parte muito pequena das lavouras é colhida entre julho e setembro, por isso o setor pesa pouco no PIB do trimestre. Dessa forma, qualquer variação na produção pecuária produz uma grande taxa sem contribuir de forma decisiva no VAB total do Estado”, acrescenta o economista.

O Presidente da FEE, Igor Morais, avalia que o resultado do PIB do terceiro trimestre sofre principalmente o impacto de dois elementos: o esgotamento da contribuição positiva da agricultura e o desempenho do comércio seguindo o cenário nacional. “No terceiro trimestre não se tem mais a cultura agrícola, toda a importância da agricultura aconteceu no primeiro semestre. Então, tivemos impacto nulo da parte agrícola, porém da parte da pecuária foi um desempenho positivo, especialmente da produção e exportação de aves. Já os resultados do comércio eram esperados, porque seguem exatamente a política macroeconômica. Então é natural que esse impacto tenha vindo no terceiro trimestre, tanto que o desempenho negativo aconteceu em linha com o Brasil”. Em relação a como o RS fecha o ano em 2015, Igor projeta: “Em termos prospectivos, o RS deve encerrar o ano no negativo, porém menos negativo que o Brasil”.

Na taxa acumulada ao longo do ano, o PIB gaúcho teve uma redução de 1,7%. Acesse a síntese ilustrada com os dados e as fotos da divulgação.

Gisele Reginato – Jornalista