Aumento de postos de trabalho garante estabilidade na taxa de desemprego no mês de abril

A taxa de desemprego total apresentou relativa estabilidade entre março e abril de 2016, passando de 10,7% para 10,5% da População Economicamente Ativa (PEA).  Os dados da PED RMPA foram apresentados pela FEE, FGTAS e DIEESE nesta quarta, 25.

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FGTAS, FEE e DIEESE na divulgação da PED RMPA de abril

 A taxa de desemprego aberto permaneceu, em abril, no mesmo patamar do mês anterior, 9,5% da PEA, com um número total de desempregados também estável: 198 mil pessoas. Porto Alegre foi a única Região metropolitana que se manteve estável e registra a menor taxa de desemprego entre as cinco regiões pesquisadas. A maior taxa é em Salvador, com um desemprego ascendente, que chegou a  23,4% neste mês.

Os resultados se mantiveram estáveis na RMPA pela elevação do nível ocupacional (mais 37 mil, ou 2,2%), suficiente para absorver o contingente de pessoas que ingressaram no mercado de trabalho (mais 37 mil, ou 2,0%).  O contingente estimado foi de 1.686 mil ocupados. Dentre os setores analisados, foi registrada elevação do nível ocupacional nos serviços (+3,2%), na indústria de transformação ( +6,3%) e na construção (+9,4%). Já no comércio, reparação de veículos automotores e motocicletas houve redução (- 6,2%).

Apesar do resultado estável, o perfil da situação do mercado de trabalho permanece com as mesmas características. Não há uma mudança na economia que justifique uma reversão, apontam os pesquisadores. “Está tudo em compasso de espera. São oscilações, não quer dizer se parou ou não de piorar. Dada a conjuntura econômica, não existe uma tendência clara para que haja reversão do cenário de deterioração do mercado de trabalho”, explica a economista da FEE Iracema Castelo Branco.

Segundo a posição na ocupação, em abril, houve aumento do contingente de assalariados (1,4%), devido aos acréscimos no setor privado (0,9%) e no setor público (4,7%).

Entre fevereiro e março de 2016, o rendimento médio real apresentou elevação para o total de

ocupados (1,9%) e assalariados (2,6%) e redução para os trabalhadores autônomos (-2,0%).

Esses rendimentos passaram a corresponder a R$ 1.935, R$ 1.834 e R$ 1.730 respectivamente.

Em dois anos, deterioração acelerada do emprego

No comparativo com o mesmo mês de anos anteriores, as variações de queda na ocupação são bem significativas, aponta a economista do DIEESE Virgínia Donoso. Em 2014, a taxa de desemprego registrada em abril foi de 6,1% e em 2015, chegou a 7,3%, bem abaixo do índice de abril deste ano, que alcançou 10,5%.  O contingente de desempregados em 2014 era de 118 mil pessoas e atualmente alcança 198 mil, um incremento de 80 mil pessoas sem emprego. Segundo Virgínia, a variação negativa tão acelerada é inédita nos 25 anos de pesquisa da PED. “A taxa de desemprego mais baixa da série histórica foi no ano de 2014, 5,9%, há apenas dois anos. Então há um processo rápido de deterioração”, destaca. Iracema Castelo Branco também chama a atenção que os índices atuais não estão mais agravados porque temos uma situação demográfica favorável. “Nos anos 90,  época das piores taxas de desemprego, havia um número maior de jovens. Hoje, o envelhecimento da população contribui para que as taxas de desemprego não sejam ainda maiores”, observa a economista da FEE.

 

Sandra Bitencourt- Jornalista