RS registra o maior crescimento em volume entre os principais estados exportadores

As exportações do Rio Grande do Sul, em agosto de 2015, somaram US$ 1,595 bilhão, um recuo de -9,2% no valor exportado em relação ao mesmo período do ano anterior. Esse recuo é explicado pela redução de preços de -22,0%, enquanto o volume embarcado para o exterior cresceu 16,4%. Dessa forma, o Estado ganhou participação nas exportações brasileiras (de 8,6% em 2014 para 10,3% em 2015) e uma posição em relação a 2014, sendo o terceiro maior estado exportador no mês, atrás de São Paulo e Minas Gerais e à frente do Paraná e do Rio de Janeiro. Além do mais, mesmo com uma retração maior em preço que a registrada pelo Brasil (-19,4%), o desempenho do estado gaúcho foi superior ao apresentado pelo do País (-24,3% em valor e -6,1% em volume). Vale ressaltar que o valor das exportações é divulgado em dólar. Tendo em vista que houve uma valorização do dólar frente ao real de cerca de 55% entre agosto de 2014 e 2015, a rentabilidade em reais das exportações se elevou.

A redução dos preços dos produtos exportados — que vem sendo percebida ao longo de todos os meses de 2015 (e que foi observada para todos os estados brasileiros em agosto) — vem impactando negativamente o desempenho do valor exportado. Mesmo assim, o RS, dentre os 10 principais estados exportadores, apresentou a terceira menor variação em valor (atrás de PR e ES). O ponto positivo é o desempenho do volume embarcado registrado, a maior variação positiva entre os principais exportadores.

O setor de atividade que explica esse desempenho favorável do volume embarcado é a agropecuária (3,1% em valor, 39,5% em volume e -26,1% em preço), enquanto a indústria de transformação, mesmo em um contexto de contração na produção, cresceu 5,6% em volume (-14,6% em valor e -19,2% em preço). Com isso, a agropecuária ganhou participação em relação ao total exportado pelo Estado (de 27,9% em agosto de 2014 para 31,7% em agosto de 2015).

A principal cultura do Rio Grande do Sul, a soja em grão, respondeu por 96,1% de tudo o que foi exportado pela agropecuária e por 30,5% das exportações totais do RS. Em relação ao volume embarcado, a oleaginosa registrou um crescimento de 40,9%. Inclusive, o total de grãos exportado de janeiro a agosto (7,9 milhões de toneladas) já é superior ao total exportado ao longo de todo o ano de 2014 (7,7 milhões de toneladas). Ademais, mesmo com uma retração de preço de -26,0%, as vendas externas de soja em grão apresentaram crescimento em valor de 4,2%.

Em relação à indústria de transformação, das 24 atividades analisadas, apenas três registraram crescimento: fabricação de celulose e papel (US$ 40,8 milhões), produtos de madeira (US$ 4,9 milhões) e impressão e reprodução de gravações (US$ 26 mil) — esta última, a única atividade da indústria que não registrou redução de preços (9,1%). Quanto às seis principais atividades da indústria gaúcha, as quais contribuíram com 78,4% da pauta exportadora da indústria, registraram as maiores retrações no valor exportado: fumo (-US$ 85,3 milhões; -39,2% em valor, -16,8% em volume e -26,9% em preço), couros e calçados (-US$ 30,6 milhões; -29,8% em valor, -11,7% em volume e          -20,5% em preço), produtos alimentícios (-US$ 28,3 milhões; -8,2% em valor, 15,1% em volume e -20,2% em preço), veículos, reboques e carrocerias (-US$ 24,0 milhões; -33,3% em valor, -25,1% em volume e -11,0% em preço), máquinas e equipamentos (-US$ 13,1 milhões; -15,1% em valor, -4,0% em volume e -11,6% em preço) e produtos químicos        (-US$ 12,5 milhões; -6,2% em valor, 23,8% em volume e -24,2% em preço).

Quanto aos países de destino, quase um terço de tudo o que o Rio Grande do Sul exportou no mês foi para a China (32,3%), e 87,2% do que foi para a China foi soja em grão. Outros importantes destinos dos produtos gaúchos foram Estados Unidos (8,0%), Argentina (6,2%), Bélgica (3,0%) e Venezuela (2,9%). As maiores variações positivas do valor exportado — e os principais produtos que contribuíram para as mesmas — foram observadas para o Vietnã (US$ 29,2 milhões; soja em grão), China (US$ 23,3 milhões; celulose e soja em grão) e Venezuela (US$ 15,6 milhões; leite e creme de leite), ao passo que as maiores variações negativas — e os principais produtos que contribuíram para as mesmas — foram para Alemanha (-US$ 25,5 milhões; fumo em folhas), Paraguai              (-US$ 23,3 milhões; máquinas e aparelhos para uso agrícola), Taiwan (-US$ 23,2 milhões; soja em grão), Argentina (-US$ 21,2 milhões; polímeros de etileno, propileno e estireno, gasolina e automóveis) e Estados Unidos (-US$ 21,2 milhões; hidrocarbonetos e seus derivados halogenados e fumo em folhas).

Acumulado do ano

No acumulado do ano (janeiro a agosto), as exportações do Rio Grande do Sul registraram US$ 11,471 bilhões, um recuo de US$ 1,232 bilhão em relação ao mesmo período do ano anterior. Houve um crescimento do volume embarcado para o exterior de 6,2%, mas, com uma retração em preço de -15,0%, o valor exportado recuou em -9,7%. Mesmo assim, o Estado aumentou sua participação nas exportações totais do País (de 8,2% em 2014 para 8,9% em 2015), permanecendo em quarto no ranking dos principais estados exportadores.

Nos setores de atividade, foi registrado crescimento no volume embarcado tanto da agropecuária (13,6%) quanto da indústria de transformação (3,5%). Contudo, em função da redução de preços (-18,6% e -13,7% respectivamente), os dois setores apresentaram redução do valor exportado (-7,6% e -10,7% respectivamente). No que se refere à agropecuária, a redução do valor exportado deve-se à soja em grão (-US$ 282,3 milhões) e ao milho (-US$ 174,7 milhões), mesmo com o crescimento das vendas de trigo (US$ 247,3 milhões). Já na indústria de transformação, apenas três das 24 atividades analisadas apresentaram crescimento do valor exportado: fabricação de celulose e papel (US$ 44,5 milhões), fabricação de produtos de madeira (US$ 11,7 milhões) e metalurgia (US$ 5,6 milhões). Por outro lado, foram registradas fortes retrações nas exportações de derivados de petróleo (-US$ 348,0 milhões), produtos alimentícios          (-US$ 170,2 milhões) e máquinas e equipamentos (-US$ 129,7 milhões).

Quanto aos principais destinos das exportações gaúchas no ano, destacam-se China (27,0%), Argentina (7,2%), Estados Unidos (7,0%), Holanda (2,8%) e Vietnã (2,8%). Já em relação às maiores variações do valor exportado em relação ao mesmo período do ano anterior, Vietnã (US$ 91,5 milhões), Eslovênia (US$ 79,4 milhões) e Bangladesh (US$ 67,0 milhões) destacam-se positivamente, enquanto destinos tradicionais como Paraguai (-US$ 426,7 milhões), China (-US$ 286,4 milhões) e Estados Unidos (-US$ 127,8 milhões) se sobressaem negativamente.