Puxado pela soja, RS aparece como terceiro maior estado exportador em julho

As exportações do Rio Grande do Sul somaram US$ 1,826 bilhão em julho de 2015, uma redução de US$ 198,1 milhões em relação a julho de 2014. Esse desempenho resultou em uma retração de 9,8% no valor exportado, explicada pela redução dos preços dos produtos exportados em 17,0%, mesmo registrando crescimento do volume embarcado de 8,7%. A despeito da retração do valor exportado, o desempenho das exportações gaúchas foi superior ao apresentado pelo Brasil no mesmo período de comparação, o qual registrou retração de 19,5% no valor exportado, em função da redução de 20,1% em preços e de um pequeno crescimento em volume de 0,7%.

A performance das vendas externas do Rio Grande do Sul o deixou na terceira posição no ranking das exportações estaduais, atrás de São Paulo e Minas Gerais, e à frente do Paraná e do Rio de Janeiro. Com isso, as exportações do Estado representaram 9,9% do total exportado pelo País (em julho de 2014, elas tinham sido 8,8%). Mesmo com a redução no valor exportado, o Estado ganhou uma posição em comparação a julho de 2014. Em termos de variação percentual no valor exportado, o estado gaúcho aparece em quinto, entre os 10 principais estados exportadores, a mesma posição quando se analisa o volume embarcado para o exterior.

No que tange aos setores de atividade, houve crescimento no valor das exportações da agropecuária (0,9%), a partir de um forte crescimento do volume embarcado (28,9%), mesmo com uma forte redução nos preços de seus produtos exportados (-21,7%). Assim, a participação das exportações da agropecuária nas exportações totais do Rio Grande do Sul passou de 32,4% em julho de 2014 para 36,3% em julho de 2015. Por outro lado, as exportações do setor mais representativo do Estado, a indústria de transformação, perderam participação nas exportações totais, saindo de 66,2% em julho de 2014 para 62,3% em julho de 2015. O crescimento de 1,1% do volume embarcado para o exterior em 2015 ante 2014 não foi suficiente para compensar a redução do valor exportado (-15,0%), já que os preços se retraíram em 16,0%.

A agropecuária teve como principal produto exportado a soja em grão, a qual representou 97,7% das exportações do setor. Vale registrar que a oleaginosa teve o melhor julho desde, pelo menos, 2002, tanto em valor exportado (US$ 647,0 milhões) quanto em toneladas embarcadas (1,7 milhão de toneladas). Com isso, comparando-se com julho de 2014, a soja em grão apresentou crescimento de 42,4% em volume e de 2,6% em valor. O crescimento em valor só não foi maior em virtude da redução em preços da oleaginosa (-27,9%).

Já em relação às exportações da indústria de transformação, das 24 atividades analisadas, apenas quatro registraram crescimento no valor exportado: celulose, papel e produtos de papel; produtos farmoquímicos e farmacêuticos; produtos de madeira; e produtos de metal. Dentre as quatro atividades mais representativas e tradicionais da pauta exportadora gaúcha — as quais representaram 67,8% das exportações da indústria em julho de 2015 —, alimentos, químicos e couros e calçados registraram crescimento no volume embarcado (0,5%, 17,2% e 6,6% respectivamente), mas retração no valor exportado (-17,0%, -6,6% e -8,3% respectivamente), sendo afetadas, assim, pela redução dos preços de seus produtos. Apenas a atividade do fumo, entre as quatro principais, registrou recuos tanto em valor (-27,4%) quanto em volume (-7,0%).

Os principais países de destino dos produtos gaúchos foram China (34,7%), Estados Unidos (7,6%), Argentina (5,5%), Vietnã (3,8%) e Venezuela (2,9%), que, juntos, responderam por 54,5% de todo o valor exportado pelo Estado. Em relação à variação no valor exportado, contrastando com os resultados de julho de 2014, desses cinco países, apenas a China registrou crescimento (3,7%); já em volume, China, Estados Unidos e Vietnã apresentaram aumentos de embarques (19,9%, 23,9% e 18,6% respectivamente). Por outro lado, as maiores variações positivas em dólares foram observadas para Eslovênia (US$ 29,9 milhões), Irã (US$ 24,7 milhões), França (US$ 23,2 milhões) e China (US$ 22,8 milhões), ao passo que as maiores variações negativas foram registradas para Paraguai (-US$ 64,8 milhões), Tailândia (-US$ 35,2 milhões), Argentina (-US$ 31,3 milhões) e Paquistão (-US$ 25,9 milhões). O farelo de soja foi o produto que mais contribuiu para as variações positivas das vendas para a Eslovênia e a França, ao passo que foi o produto que mais contribuiu para a redução das vendas para a Tailândia. Já a soja em grão contribuiu com o aumento das exportações para o Irã e para a China (além da celulose); por fim, a gasolina e o óleo diesel explicam grande parte da redução das vendas para a Argentina e o Paraguai respectivamente.

Acumulado do ano

No acumulado do ano (janeiro a julho), as exportações do Rio Grande do Sul registraram US$ 9,875 bilhões, um recuo de US$ 1,071 bilhão em relação ao mesmo período do ano anterior. Houve um crescimento do volume embarcado para o exterior de 4,8%, mas, com uma retração em preço de -13,9%, o valor exportado recuou em -9,8%. Mesmo assim, o Estado aumentou sua participação nas exportações totais do País (de 8,2% em 2014 para 8,8% em 2015), permanecendo em quarto no ranking dos principais estados exportadores.

Nos setores de atividade, foi registrado crescimento no volume embarcado tanto da agropecuária (10,2%) quanto da indústria de transformação (3,3%). Contudo, em função da redução de preços (-17,5% e -13,0% respectivamente), os dois setores apresentaram redução do valor exportado (-9,1% e -10,1% respectivamente). No que se refere à agropecuária, a redução do valor exportado deve-se à soja em grão (-US$ 302,0 milhões) e ao milho (-US$ 174,8 milhões), mesmo com o crescimento das vendas de trigo (US$ 247,3 milhões). Já na indústria de transformação, apenas cinco das 24 atividades analisadas apresentaram crescimento do valor exportado, com destaque para os produtos do fumo (US$ 24,5 milhões) e veículos, reboques e carrocerias (US$ 21,5 milhões). Por outro lado, foram registradas fortes retrações nas exportações de derivados de petróleo (-US$ 341,4 milhões), alimentos (-US$ 143,1 milhões) e máquinas e equipamentos (-US$ 116,7 milhões).

Quanto aos principais destinos das exportações gaúchas no ano, destacam-se China (26,2%), Argentina (7,3%), Estados Unidos (6,8%), Holanda (3,0%) e Vietnã (2,8%). Já em relação às maiores variações do valor exportado em relação ao mesmo período do ano anterior, Eslovênia (US$ 88,6 milhões), Rússia (US$ 66,6 milhões), Bangladesh (US$ 63,5 bilhões) e Vietnã (US$ 62,4 milhões) salientam-se positivamente, enquanto Paraguai (-US$ 403,4 milhões), China (-US$ 309,6 milhões) e Estados Unidos (-US$ 106,6 milhões) se sobressaem negativamente.