Preços derrubam exportações gaúchas, apesar de crescimento no volume

Desempenho no primeiro semestre de 2015

De janeiro a junho de 2015, o Rio Grande do Sul exportou um total de US$ 8,0 bilhões. Em relação ao mesmo período do ano passado, houve uma queda de US$ 872,6 milhões. Esse desempenho representou uma retração de 9,8% no valor exportado. Tal resultado foi devido à queda dos preços das exportações gaúchas de 14,3%. Porém, no volume exportado pelo Estado, houve um crescimento de 5,3%.

Esse desempenho foi melhor que o do Brasil como um todo, o qual registrou uma redução de 14,7% no valor exportado e uma queda de 1,4% no volume embarcado para o exterior. Em relação aos 10 principais estados exportadores do País, o Rio Grande do Sul apresentou a segunda menor queda percentual do valor exportado, além de ter tido o segundo maior crescimento do volume. Com esse resultado, as exportações gaúchas representaram 8,5% do total exportado pelo País, o que deixou o Estado na quarta colocação no ranking dos estados exportadores nesse primeiro semestre, atrás de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro. Destaca-se que o desempenho desse primeiro semestre apresentou o menor valor exportado desde o primeiro semestre de 2010, tanto para o Estado como para o País.

Em relação aos setores de atividade, foram registradas retrações no valor das exportações tanto da agropecuária quanto da indústria de transformação, apesar de os dois setores terem apresentado aumento de volume nesse período (23,0% e 4,4% respectivamente). Na agropecuária, que representou 27,9% do total exportado pelo Estado, apesar do aumento de 23,0% no volume das exportações, houve uma redução de 5,7% no seu valor, devido a uma retração de 23,3% no preço. Já na indústria de transformação, que abrangeu 69,4% das exportações gaúchas no primeiro semestre, a queda em valor foi de 9,0%, puxada pela redução de 12,9% dos preços, apesar de o volume ter aumentado 4,4%.

A agropecuária tem, como principal produto exportado, o grão de soja, que representou, no primeiro semestre, 85,2% das exportações do setor, seguido pelo trigo (11,3%). O volume exportado de soja aumentou 15,8% nesse primeiro semestre (quase cinco milhões de toneladas), mas, devido a uma redução do preço desse produto (-26,0%), o valor total da sua exportação recuou 14,3% (-US$ 318,6 milhões). O desempenho da soja refletiu a boa safra colhida este ano, que superou a do ano passado (crescimento em volume). A queda dos preços percebida nas vendas gaúchas da oleaginosa vem sendo influenciada pela redução dos preços internacionais dessa commodity, que vem ocorrendo com mais intensidade a partir do segundo semestre de 2014. O trigo foi o segundo principal produto exportado nesse setor, atingindo um valor de     US$ 254,7 milhões (1,2 milhão de toneladas), enquanto, nesse mesmo período de 2014, sua exportação alcançou apenas US$ 8,6 milhões (30 mil toneladas). A maior parte do trigo foi destinada a países asiáticos, como Tailândia, Bangladesh, Filipinas e Vietnã.

Nas exportações da indústria de transformação, as quedas mais expressivas do valor exportado ocorreram nos segmentos de derivados do petróleo (-US$ 308,7 milhões), máquinas e equipamentos (-US$ 96,2 milhões), produtos alimentícios (-US$ 70,9 milhões), couros e calçados (-US$ 56,5 milhões) e químicos (-US$ 32,7 milhões). Em todos esses segmentos, houve queda do preço, sendo que aumentou o volume exportado de químicos (27,3%) e de produtos alimentícios (11,1%). Dentre as 24 divisões da indústria, apenas quatro apresentaram variação positiva do valor exportado. Destacam-se, com desempenho positivo, o segmento de veículos, reboques e carrocerias, com crescimento de US$ 40,0 milhões (12,4% em valor e 24,2% em volume), e o de fumo, cujas exportações aumentaram US$ 74,1 milhões (13,4% em valor e 27,6% em volume). Em relação aos destinos das exportações de cada um desses segmentos da indústria, salientam-se: a União Europeia como principal mercado do fumo; a China como o destino que mais cresceu na compra de químicos; a Argentina como principal destino das exportações de veículos, reboques e carrocerias; a Eslovênia como o principal comprador dos produtos alimentícios; a Alemanha como o destino que puxa a queda de calçados e couros; e o Paraguai, responsável pela forte queda nas vendas de derivados do petróleo.

Em relação aos principais destinos das exportações do Estado, aparece, em primeiro lugar, a China (24,3%), seguida por Argentina (7,8%), Estados Unidos (6,7%), Holanda (3,3%) e Coreia do Sul (2,8%). Já as maiores variações de valor em relação ao primeiro semestre de 2014 foram registradas, com desempenho positivo, pelas exportações para Vietnã (crescimento de US$ 68,1 milhões), Bangladesh (crescimento de US$ 66,8 milhões) e Rússia (crescimento de US$ 65,0 milhões) e, com desempenho negativo, pelas exportações para Paraguai (redução de US$ 338,7 milhões), China (redução de US$ 332,5 milhões) e Estados Unidos (redução de US$ 102,7 milhões). O valor das exportações de soja foi a principal contribuição para os desempenhos registrados para o Vietnã (aumento de US$ 42,3 milhões) e os Estados Unidos (-US$ 58,5 milhões). Para Bangladesh, houve um aumento de US$ 53,9 milhões nas exportações de trigo. Nas exportações para a Rússia, o crescimento do valor de carnes suínas (US$ 57,7 milhões) foi o que mais contribuiu. Já para o Paraguai, não foi exportado óleo diesel esse semestre, reduzindo em US$ 268,4 milhões o embarque desse produto para o País. Por fim, a queda do valor da soja exportada (-US$ 312,3 milhões) para China (apesar do crescimento do volume) foi o que impactou o desempenho negativo desse destino.

Desempenho em junho de 2015

Em junho de 2015, as exportações do Rio Grande do Sul alcançaram um total de US$ 1,7 bilhão. Em relação ao mesmo período do ano passado, houve uma queda de US$ 293,3 milhões. Esse desempenho representou uma retração de 14,5% no valor das exportações. Tal resultado foi devido à queda dos preços das exportações gaúchas de 16,6%. Porém, no volume exportado pelo Estado, houve um crescimento de 2,5%. Com esse resultado, as exportações do Rio Grande do Sul representaram 8,8% do total exportado pelo País, deixando o Estado na quarta colocação no ranking dos estados exportadores nesse mês, atrás de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais.

Nos setores de atividade, foram registradas quedas tanto na agropecuária quanto na indústria de transformação. Na agropecuária, que representou 37,2% do total exportado pelo Estado, houve diminuição de 14,4% no volume embarcado e redução de 4,7% no preço, resultando em uma retração de 18,8% no valor. Já na indústria de transformação, que abrangeu, no primeiro semestre de 2015, 60,4% das exportações gaúchas, a queda no valor foi de 13,0%, puxada pela redução de 16,3% no preço, apesar de o volume ter aumentado 4,0%.

Na agropecuária, o principal produto exportado foi o grão de soja, o qual representou 98,1% do setor em junho de 2015. O volume exportado de soja nesse primeiro semestre (1,6 milhão de toneladas) aumentou 13,5%, mas, devido a uma queda do preço desse produto           (-27,1%), o valor total das exportações de soja caiu 17,3% (-US$ 131,7 milhões).

Nas exportações da indústria de transformação, as quedas mais expressivas do valor exportado foram verificadas nos segmentos de produtos alimentícios (-US$ 90,0 milhões), derivados do petróleo (-US$ 66,4 milhões), fumo (-US$ 26,1 milhões), máquinas e equipamentos (-US$ 16,6 milhões) e couros e calçados (-US$ 8,1 milhões). Destacam-se, com desempenho positivo, o segmento de veículos, reboques e carrocerias, com crescimento de US$ 26,5 milhões, e o de químicos (US$ 19,7 milhões).

Em relação aos principais destinos das exportações do Estado, a China figurou como o principal país importador dos produtos gaúchos (35,6%), seguida por Argentina (7,5%), Estados Unidos (6,1%), Rússia (2,9%) e Holanda (2,7%). Já as maiores variações do valor exportado em relação a junho de 2014 foram registradas, com desempenho positivo, nas exportações para a Eslovênia (US$ 40,8 milhões), o Vietnã (US$ 29,0 milhões) e a Argentina (US$ 12,5 milhões) e, com desempenho negativo, para a China (-US$ 100,4 milhões), o Paraguai (-US$ 64,1 milhões) e os Estados Unidos (-US$ 53,7 milhões).