Mesmo com crescimento em volume, exportações gaúchas recuam em valor no semestre

Menores receitas das vendas de produtos básicos e manufaturados determinam a queda do RS para quinto no ranking nacional

As exportações gaúchas, no primeiro semestre de 2016, atingiram US$ 7,700 bilhões, um recuo de US$ 349,9 milhões (-4,4%) em relação ao primeiro semestre de 2015. Na decomposição do resultado, observam-se crescimento no volume embarcado para o exterior (10,2%) e retração nos preços médios dos produtos exportados (-13,2%). A despeito de ter sido registrado o maior volume embarcado da série histórica iniciada em 1989 (11,559 milhões de toneladas), foi auferido o menor valor desde 2010, revelando a magnitude da retração dos preços dos últimos anos. Com esse resultado, o Rio Grande do Sul perdeu uma posição no ranking nacional, passando para a quinta colocação, ultrapassando o Rio de Janeiro (em função da redução do preço do petróleo), mas sendo superado por Mato Grosso (pela forte elevação das vendas de soja e milho em grãos) e Paraná (pelo crescimento das vendas de soja em grão).

O recuo de US$ 349,9 milhões do Estado resulta da queda das receitas das vendas de produtos básicos (US$ -353,9 milhões ou -8,0%) e manufaturados (US$ -198,4 milhões ou -6,7%), enquanto as vendas de semimanufaturados aumentaram (US$ 245,8 milhões ou 44,9%). Em termos de volume, todas as classes registraram incremento: 3,0% nos básicos, 12,5% nos manufaturados e 63,2% nos semimanufaturados.

Com relação à exportação de produtos básicos, houve diminuição, sobretudo, das vendas de trigo em grãos (US$ -163,9 milhões; -64,4% em valor e -44,2% em volume) e farelo de soja (US$ -111,2 milhões; -21,8% em valor e -6,0% em volume). Por outro lado, cresceram as vendas de carne bovina (US$ 18,9 milhões; 81,7% em valor) e bovinos vivos (US$ 11,7 milhões), os quais não foram exportados no primeiro semestre de 2015.

No grupo dos manufaturados, os maiores recuos em divisas foram percebidos nas exportações de máquinas e aparelhos para uso agrícola   (US$ -41,3 milhões; -41,7% em valor e -28,2% em volume), hidrocarbonetos (US$ -29,2 milhões; -24,8% em valor e aumento de 2,6% em volume) e motores para automóveis (US$ -25,0 milhões; -36,3% em valor e -12,8% em volume). Em contrapartida, cresceram as vendas de polímeros plásticos (US$ 57,5 milhões; 12,1% em valor e 35,1% em volume), calçados (US$ 19,7 milhões; 11,3% em valor e 41,2% em volume), máquinas de elevação de carga (US$ 19,3 milhões; 95,0% em valor e 117,0% em volume) e automóveis (US$ 17,8 milhões; 13,6% em valor e 18,3% em volume).

Já no grupo dos semimanufaturados, o crescimento ocorreu em virtude das vendas de celulose (US$ 283,7 milhões; 757,2% em valor e 810,1% em volume). Os recuos foram registrados nas vendas de óleo de soja em bruto (US$ -29,1 milhões; -25,8% em valor e -22,3% em volume), couros e peles (US$ -15,9 milhões; -6,3% em valor e incremento de 19,0% em volume) e borracha (US$ -9,0 milhões; -20,6% em valor e -6,0% em volume).

Os cinco principais produtos exportados pelo RS no semestre foram soja em grão (24,8%), fumo em folhas (7,2%), polímeros plásticos (6,9%), carne de frango (6,8%) e farelo de soja (5,2%). No que se refere ao principal produto exportado pelo Estado, a soja em grão, em 2016 foi registrado recorde de volume embarcado para um primeiro semestre (5,131 milhões de toneladas), na esteira da supersafra do ano, dos massivos embarques para a China e do crescimento das vendas para o Irã e o Paquistão. Apesar disso, a receita auferida em dólar foi a menor dos últimos quatro anos, por conta do arrefecimento do preço do grão ao longo desse período.

Outros produtos de destaque (mais precisamente 52 dos 307 exportados) também registraram recordes em volume para um primeiro semestre, considerando a série disponível no SisExp, tais como celulose (pela quadruplicação da capacidade de produção da Celulose Riograndense, em Guaíba, e recordes de vendas para China e outros 17 países), automóveis (pelo estabelecimento de novos acordos automotivos no âmbito nacional, com recuperação de vendas para Argentina e início de embarques para a Colômbia) e polímeros plásticos (pela redução dos custos de sua matéria-prima e o incremento de sua rentabilidade, aliados ao crescimento da demanda de países como Estados Unidos, Bélgica, Argentina e Chile). Adicionalmente, outros produtos relevantes para a pauta exportadora gaúcha, mesmo não registrando recordes, também apresentaram crescimentos em suas vendas em relação aos últimos anos, em especial: as carnes, pela recuperação de mercados embargados e pela expansão e/ou abertura de novos destinos, sejam as de frango (em especial para Arábia Saudita, China, Egito e Rússia), a suína (para Rússia e Hong Kong e retomada das vendas para China) e até mesmo a bovina (retomada para China e elevação para Hong Kong); e os calçados, que eram o produto mais importante na pauta do Estado até o início dos anos 2000, com elevação das vendas para os Estados Unidos e a Argentina e recordes de embarques para outros países sul-americanos.

Além do incremento da demanda dos principais importadores dos produtos gaúchos, a forte contração do mercado doméstico e, em certa medida, o processo de depreciação do real frente ao dólar também contribuíram para o crescimento dos embarques em 2016.

China (25,9%), Estados Unidos (7,9%), Argentina (7,7%), Alemanha (2,6%) e Coreia do Sul (2,5%) foram os principais destinos dos produtos gaúchos. Já as maiores variações positivas, no comparativo com 2015, foram observadas para Paquistão (US$ 79,0 milhões), Estados Unidos (US$ 67,8 milhões) e Irã (US$ 58,0 milhões). Em contrapartida, os maiores recuos foram registrados para Holanda (US$ -151,3 milhões), Vietnã (US$ -80,0 milhões) e Tailândia (US$ -75,8 milhões).

Por seu turno, as maiores vendas de produtos para países específicos no primeiro semestre de 2016 foram de soja para China (US$ 1,619 bilhão), farelo de soja para Eslovênia (US$ 135,0 milhões), celulose para China (US$ 129,1 milhões), automóveis para Argentina (US$ 121,9 milhões) e polímeros plásticos também para Argentina (US$ 118,4 milhões). Já no comparativo com 2015, foram destaques positivos os crescimentos nas receitas das vendas de celulose para a China (US$ 116,9 milhões), de soja em grão para o Paquistão (US$ 83,9 milhões) e de farelo de soja para a França (US$ 50,1 milhões). Por outro lado, sobressaíram-se os recuos das vendas de soja para a China (US$ -115,2 milhões), de trigo em grão para a Tailândia (US$ -82,7 milhões) e de farelo de soja para a Holanda (US$ -61,7 milhões).

Segundo trimestre de 2016: RS fecha o período como o terceiro maior estado exportador

 As exportações do Rio Grande do Sul, no segundo trimestre de 2016, somaram US$ 4,891 bilhões, um recuo de US$ 65,3 milhões (-1,3%) em relação ao mesmo período de 2015. A retração dos preços médios dos produtos exportados (-8,3%) foi decisiva para o resultado negativo, na medida em que o volume embarcado para o exterior registrou crescimento de 7,6%. Foi a menor receita auferida em dólar desde 2012, embora o volume total embarcado tenha sido o maior da série histórica (7,954 milhões de toneladas). Mesmo com esse desempenho, o Estado ganhou uma posição no ranking nacional por conta do forte recuo das exportações de petróleo do Rio de Janeiro (-40,5% em valor e -11,7% em volume). Assim, o RS foi o terceiro maior estado exportador, apenas atrás de São Paulo e Minas Gerais, com desempenho um pouco melhor do que o brasileiro (-3,6% em valor, aumento de 6,9% em volume e -9,8% em preço).

No que se refere ao valor exportado em dólares, a despeito de as exportações gaúchas em maio e junho terem registrado crescimento (de 12,2% e 4,4% respectivamente) — os únicos meses em 2016 —, o trimestre fechou em queda por conta do mês de abril (-20,3%), afetado pelo recuo das vendas de soja em grão. Ademais, os resultados em volume apresentam a mesma direção: retração em abril (-10,9%) e crescimentos em maio (23,9%) e junho (9,9%).

A queda nas receitas totais do Estado (US$ -65,3 milhões) foi puxada tanto pelos produtos básicos (US$ -77,8 milhões, ou -2,6%) quanto pelos produtos manufaturados (US$ -60,6 milhões, ou -3,9%), apenas com os produtos semimanufaturados tendo registrado crescimento (US$ 102,2 milhões, ou 34,1%). Em volume, contudo, todos os grupos de produtos exibiram crescimento: 2,8% nos básicos, 13,4% nos manufaturados e 46,3% nos semimanufaturados.

Trigo em grão (US$ -25,1 milhões), maçãs (US$ -18,5 milhões), fumo em folhas (US$ -16,8 milhões), farelo de soja (US$ -16,0 milhões) e milho em grão (US$ -12,5 milhões) foram os produtos básicos que apresentaram as maiores variações negativas em valor. Tais produtos também registraram recuos em volume, com destaque para o milho (-96,9%) e a maçã (-71,7%). Já os produtos que mais contribuíram para o recuo das vendas de manufaturados foram os hidrocarbonetos (US$ -28,5 milhões), pneumáticos (US$ -13,3 milhões) e adubos/fertilizantes (US$ -11,4 milhões). Por outro lado, o  crescimento das vendas de semimanufaturados deu-se em virtude do incremento das vendas de celulose (US$ 135,0 milhões).

China (35,2%), Argentina (6,9%), Estados Unidos (6,3%), Irã (2,3%) e Alemanha (2,3%) foram os principais destinos dos produtos gaúchos no trimestre. Já as maiores variações positivas foram registradas para Paquistão (US$ 82,5 milhões), Irã (US$ 36,7 milhões) e França (US$ 31,2 milhões), enquanto as maiores variações negativas foram para Holanda (US$ -59,7 milhões), Vietnã (US$ -47,8 milhões) e Rússia (US$ -41,8 milhões).

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Segundo trimestre/2016

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