Rio Grande do Sul lidera a criação de empregos formais no agronegócio, mas número é inferior ao registrado em 2016

A Fundação de Economia e Estatística (FEE) divulga as estatísticas do emprego formal celetista do agronegócio do Rio Grande do Sul e do Brasil referentes ao primeiro trimestre de 2017. As estatísticas geradas tomam por base os dados brutos disponibilizados pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho e Emprego.

Em seguida, são descritos, brevemente, os resultados do Rio Grande do Sul para o mês de março, o primeiro trimestre e os últimos 12 meses.

Março de 2017

Em março de 2017, o agronegócio do Rio Grande do Sul apresentou saldo positivo de empregos formais. O número de admissões (24.052) foi superior ao de desligamentos (16.743), resultando na criação de 7.309 postos de trabalho com carteira assinada. Historicamente, os primeiros meses do ano são caracterizados pela ocorrência de saldos positivos de empregos no agronegócio gaúcho, fenômeno explicado, sobretudo, pela mobilização de mão de obra para as atividades direta e indiretamente impactadas pelo avanço da safra de verão no Estado.

Em março, o movimento de criação de empregos foi determinado pelo desempenho do segmento “depois” da porteira (mais 7.777 postos), composto predominantemente de atividades agroindustriais. Os setores com maior abertura de vagas foram os de fabricação de produtos do fumo (mais 4.078 postos) e de comércio atacadista de produtos agropecuários e agroindustriais (mais 3.333 postos). O incremento nas contratações desses dois setores é explicado pela sazonalidade da oferta das matérias-primas agrícolas colhidas na safra de verão (sobretudo o fumo e a soja). Na indústria fumageira, as contratações temporárias são características do primeiro trimestre, com pico em março, e concentram-se na região do Vale do Rio Pardo, principal aglomeração produtiva com essa especialização no Brasil. No setor de comércio atacadista, a atividade de destaque foi a de comercialização da soja, que, em ano de safra recorde, registrou o maior saldo positivo de empregos da série histórica iniciada em 2007 (mais 1.471 postos).

Embora o resultado de março tenha sido positivo, houve perda de empregos em alguns setores. O principal deles foi o de produção de lavouras permanentes, que encerrou o mês com saldo negativo de 1.880 postos de trabalho. Esse também é um movimento sazonal e geograficamente concentrado, derivado principalmente da desmobilização de parte dos trabalhadores temporariamente contratados para a colheita da safra da maçã nas regiões da Serra e dos Campos de Cima da Serra.

Na comparação com março do ano anterior, observa-se que a criação de postos de trabalho em 2017 foi superior (mais 1.446 empregos). Os setores com saldo positivo que mais melhoraram sua condição foram os de comércio atacadista de produtos agropecuários e agroindustriais (mais 402 postos) e de fabricação de tratores, máquinas e equipamentos agropecuários (mais 267 postos).

Primeiro trimestre de 2017

No primeiro trimestre do ano, foram criados 19.853 empregos com carteira assinada no agronegócio gaúcho. Apesar de garantir ao Rio Grande do Sul a liderança nacional na criação de empregos no agronegócio, o resultado é inferior ao registrado em 2016, quando foram gerados 21.230 postos de trabalho nos três primeiros meses do ano.

Os setores com maior criação de empregos no primeiro trimestre de 2017 foram os de fabricação de produtos do fumo, de produção de lavouras permanentes e de comércio atacadista de produtos agropecuários e agroindustriais. Entre os destaques negativos, estão os setores de fabricação de conservas e de produção de sementes e mudas certificadas (Tabela 1).

Na comparação dos primeiros trimestres de 2016 e 2017, observa-se que o setor que mais melhorou seu saldo de empregos no período foi o de fabricação de tratores, máquinas e equipamentos agropecuários. Essa indústria gaúcha, impulsionada pela safra recorde de grãos no Brasil, atravessa um período de transição de um quadro recessivo, com encolhimento do quadro funcional, para um momento de recuperação da produção e abertura de novos postos de trabalho (737 em 2017). Por outro lado, os setores que mais pioraram seu saldo de empregos em relação ao primeiro trimestre de 2016 foram os de fabricação de conservas (menos 984 postos) e de abate e fabricação de produtos de carne. Sobre este último setor, a principal explicação para a perda de empregos em 2017 foi o fechamento de frigorífico no Município de Alegrete.

Últimos 12 meses

Em razão da criação de empregos do primeiro trimestre de 2017, o saldo acumulado dos últimos 12 meses (abr./2016-mar./2017) voltou a ser positivo (mais 299 empregos). Os setores com maior criação de empregos nesse período foram os de comércio atacadista (mais 1.130 postos) e de produção de lavouras permanentes (mais 952 postos). Dentre os setores que continuam a apresentar saldo negativo de empregos nos últimos 12 meses, os destaques são os de abate e fabricação de produtos de carne (menos 1.346 postos), de fabricação de produtos do fumo (menos 675 empregos) e de curtimento e preparações do couro (menos 621 empregos).

No Gráfico 3, são apresentadas as informações dos oito principais setores empregadores formais do agronegócio do Rio Grande do Sul. A diferença nos estoques de emprego equivale ao saldo nos últimos 12 meses.