Agronegócio gaúcho perde empregos em abril, mas o saldo no ano segue positivo e praticamente equivalente ao de 2016

A Fundação de Economia e Estatística (FEE) divulga as estatísticas do emprego formal celetista do agronegócio do Rio Grande do Sul e do Brasil referentes a abril de 2017. As estatísticas geradas tomam por base os dados brutos disponibilizados pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho e Emprego.

Em seguida, são descritos, brevemente, os resultados do Rio Grande do Sul para o mês de abril, o acumulado do ano e os últimos doze meses.

Abril de 2017

No mês de abril, pela primeira vez no ano, foi registrado saldo negativo de empregos formais no agronegócio do Rio Grande do Sul. O número de admissões (13.639) foi inferior ao de desligamentos (15.927), resultando na perda de 2.288 postos de trabalho com carteira assinada. A redução do estoque de empregos com carteira assinada a partir do segundo trimestre reflete a sazonalidade da produção agrícola, podendo ser interpretada como um movimento característico do setor, que se repete anualmente. Esse fenômeno é explicado, sobretudo, pela desmobilização parcial de trabalhadores contratados temporariamente em atividades direta ou indiretamente vinculadas à colheita e ao recebimento da safra de verão no Estado.

Em abril, a perda de empregos no agronegócio foi determinada pelo desempenho do segmento “dentro” da porteira (menos 2.618 postos), composto por atividades agropecuárias. Nesse segmento, os setores com pior desempenho foram os de produção de lavouras permanentes (menos 1.277 empregos) e temporárias (menos 963 empregos). No caso das lavouras permanentes, a perda de empregos é concentrada na região dos Campos de Cima da Serra e Serra e explicada, sobretudo, pelo desligamento de trabalhadores ocupados na colheita da maçã. Para as lavouras temporárias, os empregos perdidos concentram-se nos setores de cultivo de cereais, principalmente o arroz.

Entre os setores do segmento “depois” da porteira, o que mais desempregou em abril foi o de comércio atacadista de produtos agropecuários e industriais (menos 1.333 empregos). Na atividade de comércio atacadista de soja, houve perda de 639 postos de trabalho. O setor de moagem e fabricação de produtos amiláceos também registrou perda de empregos (menos 402 postos), sendo impactado pelas atividades de beneficiamento de arroz e moagem de trigo.

Embora o resultado de abril tenha sido negativo, houve criação de empregos em alguns setores do agronegócio. Assim como no mês anterior, a maior abertura de vagas ocorreu no setor de fabricação de produtos do fumo (mais 2.309 postos). O emprego na indústria fumageira apresenta um forte componente sazonal, associado ao fluxo de recebimento de matéria-prima em condições de processamento. Os empregos desse setor estão concentrados na região do Vale do Rio Pardo, principal aglomeração produtiva com essa especialização no Brasil.

Na comparação com abril do ano anterior, a perda de postos de trabalho em 2017 foi inferior: menos 3.504 em 2016 contra menos 2.288 em 2017. Os setores que mais melhoraram sua condição foram os de fabricação de produtos do fumo e de fabricação de tratores, máquinas e equipamentos agropecuários.

 Acumulado no ano

No primeiro quadrimestre do ano, foram criados 17.580 empregos com carteira assinada no agronegócio gaúcho. Apesar de garantir ao Rio Grande do Sul a vice-liderança nacional na criação de empregos no agronegócio, atrás apenas de São Paulo, o resultado é ligeiramente inferior ao registrado em 2016, quando foram gerados 17.726 postos de trabalho no acumulado de janeiro a abril.

Os setores com maior criação de empregos no primeiro quadrimestre de 2017 foram os de fabricação de produtos do fumo, de produção de lavouras permanentes e de comércio atacadista de produtos agropecuários e agroindustriais. Entre os destaques negativos estão os setores de fabricação de conservas e de produção de sementes e mudas certificadas (Tabela 1).

Na comparação dos primeiros quadrimestres de 2016 e 2017, observa-se que o setor que mais melhorou seu saldo de empregos no período foi o de fabricação de produtos do fumo, seguido pelo setor de fabricação de tratores, máquinas e equipamentos agropecuários. A indústria fumageira gaúcha foi beneficiada pela condição da safra local de fumo, que se recuperou em relação ao ano anterior, quando o rendimento físico foi impactado por adversidades climáticas. Em 2017, o crescimento estimado produção gaúcha é de 27,5%, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em se tratando da indústria de máquinas e implementos agrícolas, houve um impulso derivado da safra recorde de grãos no Brasil. Após um longo período recessivo, desde o segundo semestre de 2016 o setor registra crescimento na produção, com reflexos no mercado de trabalho. Em 2017, foram criados 855 empregos, diante de uma perda de 500 em igual período do ano anterior. Por outro lado, os setores que mais pioraram seu saldo de empregos em relação ao primeiro quadrimestre de 2016 foram os de abate e fabricação de produtos de carne e de fabricação de conservas.

Últimos 12 meses

Impulsionado pela criação de empregos do primeiro quadrimestre de 2017, o saldo acumulado dos últimos 12 meses (maio/2016-abr./2017) voltou a ser positivo (mais 1.531 empregos). Os setores com maior criação de empregos nesse período foram os de fabricação de produtos do fumo (mais 1.734 postos), de produção de lavouras permanentes (mais 1.004 postos) e de comércio atacadista de produtos agropecuários e agroindustriais (mais 801 postos). Entre os setores que continuam a apresentar saldo negativo de empregos nos últimos 12 meses, os destaques são os de abate e fabricação de produtos de carne (menos 1.866 postos) e de curtimento e preparações do couro (menos 679 empregos).

No Gráfico 3, são apresentadas as informações dos oito principais setores empregadores formais do agronegócio do Rio Grande do Sul. A diferença nos estoques de emprego de cada setor equivale ao saldo nos últimos 12 meses.