Agronegócio gaúcho apresenta saldo negativo nos empregos formais em 2017

A Fundação de Economia e Estatística (FEE) divulga as estatísticas do emprego formal celetista do agronegócio do Rio Grande do Sul e do Brasil referentes a dezembro de 2017. As estatísticas geradas tomam por base os dados brutos disponibilizados pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho e Emprego.

A seguir, são descritos, brevemente, os resultados do Rio Grande do Sul para o mês de dezembro e o acumulado do ano.

Dezembro de 2017

No mês de dezembro, foi registrado saldo negativo nos empregos formais do agronegócio do Rio Grande do Sul. O número de desligamentos (17.112) foi superior ao de admissões (7.189), resultando na perda de 9.923 postos de trabalho com carteira assinada. No Rio Grande do Sul, dezembro é conhecido como o pior mês do ano para a geração de empregos formais no agronegócio. Em 2017, porém, o resultado foi especialmente expressivo, tendo sido registrada a segunda maior perda de empregos da série histórica, iniciada em 2007.

Em dezembro, os três segmentos do agronegócio gaúcho registraram saldo negativo de empregos. O resultado mais expressivo ocorreu no segmento “depois da porteira”, composto por atividades da agroindústria e do comércio atacadista (menos 4.352 postos). Nesse segmento, o setor de fabricação de conservas liderou a queda de empregos, tendo registrado saldo negativo de 2.028 postos. Houve expressiva desmobilização de trabalhadores na atividade de fabricação e conserva de frutas, concentrada nos Municípios de Pelotas (menos 1.133 postos) e de Morro Redondo (menos 702 postos).

No segmento “dentro da porteira”, formado por atividades características da agropecuária, foram perdidos 3.202 postos de trabalho com carteira assinada. Contribuiu decisivamente para esse desempenho o setor de produção de lavouras permanentes, que apresentou saldo negativo de 2.544 empregos. Esse movimento concentrou-se no Município de Vacaria, tradicional produtor de maçãs, com perda de 2.017 empregos nesse setor. Trata-se de um ajuste sazonal no contingente de trabalhadores empregados na atividade, que deve ser seguido de números positivos no primeiro trimestre de 2018, em razão do período de colheita da fruta.

No segmento “antes da porteira”, constituído por atividades dedicadas ao fornecimento de insumos, máquinas e equipamentos para a agropecuária, houve queda de 2.369 postos de trabalho em dezembro. Nesse segmento, os setores de produção de sementes e mudas certificadas e de fabricação de tratores, máquinas e equipamentos agropecuários contribuíram decisivamente para o saldo negativo, ao apresentarem, respectivamente, diminuição de 1.551 e 522 postos de trabalho.

Na comparação com igual mês do ano anterior, o decréscimo de empregos formais, em 2017, foi superior, com diferença de 3.078 empregos. Enquanto, em dezembro de 2016, o saldo foi negativo em 6.845 empregos, em 2017, a perda foi de 9.923 postos com carteira assinada. Na comparação desses dois meses, o setor com maior variação negativa no saldo de empregos foi o de produção de sementes e mudas certificadas, seguido do de produção de lavouras permanentes e de fabricação de conservas.

 

Acumulado no ano

No acumulado de janeiro a dezembro de 2017, houve queda de 1.597 empregos com carteira assinada no agronegócio gaúcho. No mesmo período de 2016, o saldo entre admissões e desligamentos havia sido positivo, de 1.709 empregos. Considerando a série histórica, essa foi a segunda vez que ocorreu perda de empregos no agronegócio gaúcho.

Conforme a Tabela 1, os setores com maior fechamento de postos de trabalho, em 2017, foram os de fabricação de conservas (menos 1.367 postos), de produção de sementes e mudas certificadas (menos 1.039 postos) e de produção florestal (menos 466 postos). Por outro lado, os setores com maior criação de vagas, no ano, foram os de comércio atacadista de produtos agropecuários e agroindustriais (mais 787 postos) e de abate e fabricação de produtos de carne (mais 440 postos).

De maneira geral, observa-se que o recorde da produção de grãos no Estado contribuiu para a criação de empregos formais no setor agrícola e nas atividades a ele diretamente vinculadas, como o comércio atacadista e a fabricação de fertilizantes. Contudo, como apenas uma parcela reduzida da ocupação na agropecuária apresentava vínculo com carteira assinada, sua contribuição para a estatística é limitada. Na pecuária e na agroindústria da carne, apesar do desaquecimento da demanda interna e de adversidades institucionais ocorridas no primeiro semestre, o cenário melhorou ao longo do ano, refletindo-se em crescimento no número de admissões. Por outro lado, setores que enfrentavam dificuldades estruturais de competitividade voltaram a demitir, o que foi determinante para o resultado negativo no ano.  Esse é o caso da fabricação de conservas e do curtimento do couro. Na cadeia florestal, em razão de problemas técnicos, a principal fabricante de celulose do Estado interrompeu a produção por três meses, contribuindo para a redução do estoque de empregos de atividades conexas.

No Gráfico 2, são apresentadas as informações do número de empregos com carteira assinada nos seis principais setores empregadores do agronegócio do Rio Grande do Sul. A diferença nos estoques de emprego de cada setor equivale ao saldo nos últimos 12 meses.